Eleições na Polônia: De Virada! Pesquisas Erram, e Conservador Surpreende na Reta Final
O resultado relembra 1995, quando Aleksander Kwaśniewski superou Lech Wałęsa após uma disputa acirrada.

Em um pleito histórico e com a maior participação eleitoral já registrada na Polônia (71,63%), o conservador Karol Nawrocki venceu o segundo turno das eleições presidenciais neste domingo (1°), com 50,89% dos votos, contra 49,11% do liberal Rafal Trzaskowski. A diferença de apenas 1,78% — equivalente a 369.505 votos — marca um duro revés para o governo pró-Europa do primeiro-ministro Donald Tusk e consolida a hegemonia conservadora no país.
Nawrocki, apoiado pelo partido Lei e Justiça (PiS), herdará o legado do atual presidente Andrzej Duda, conhecido por barrar reformas liberais e alinhar-se a políticas de imigração restritiva e ceticismo europeu. Já Trzaskowski, prefeito de Varsóvia e favorito nas pesquisas iniciais, sofre sua segunda derrota consecutiva em uma eleição presidencial — após perder para Duda em 2020 por 2,06%.
A noite foi de tensão: enquanto pesquisas de boca de urna apontavam uma leve vantagem para Trzaskowski, a apuração oficial revelou a virada conservadora, consolidada nos redutos rurais, onde Nawrocki é mais forte. O resultado relembra 1995, quando Aleksander Kwaśniewski superou Lech Wałęsa após uma disputa acirrada.
A vitória de Nawrocki dificultará a agenda reformista de Tusk, que já admitira ter recebido um "cartão amarelo" no primeiro turno. Trzaskowski prometia liberalizar o aborto, legalizar uniões civis e reverter reformas judiciais do PiS — medidas que agora encontram um obstáculo no Palácio Presidencial.
Nawrocki, ex-boxeador de 42 anos e eurocético, já sinalizou posturas duras em imigração, aproximação com Donald Trump e resistência à entrada da Ucrânia na OTAN. Com poderes de veto legislativo e influência no Tribunal Constitucional, ele deve travar as iniciativas progressistas do governo.
Ao conceder a vitória, Duda enviou uma mensagem ao governo: "Mantenha-se forte, Polônia!". Agora, o país se prepara para mais um capítulo de polarização entre conservadores e liberais, com a presidência nas mãos de um aliado do PiS.
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