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Desmatamento na Amazônia dispara 92% em maio e escancara crise interna no governo

Os números são do sistema Deter, ferramenta de monitoramento em tempo real do Inpe, e marcam o segundo mês consecutivo de alta.

Desmatamento na Amazônia dispara 92% em maio e escancara crise interna no governo
Desmatamento na Amazônia dispara 92% em maio e escancara crise interna no governo (Foto: Reprodução)

O desmatamento na Amazônia voltou a preocupar: em maio de 2025, a devastação alcançou 960 km², um salto de 92% em relação ao mesmo mês do ano passado, quando o número foi de 502 km². Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (6) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e acendem um novo alerta sobre o controle ambiental no país — além de escancararem tensões internas dentro do próprio governo federal.

Os números são do sistema Deter, ferramenta de monitoramento em tempo real do Inpe, e marcam o segundo mês consecutivo de alta. Em abril, os alertas de desmatamento já haviam subido 55%. Os estados que mais sofreram com a destruição foram Mato Grosso (627 km²), Pará (145 km²) e Amazonas (142 km²).

Para João Paulo Capobianco, secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, o aumento expressivo pode estar ligado a uma nova estratégia predatória: o “desmatamento com vegetação”, que consiste em queimar a floresta antes da remoção total.

“É quando a floresta queima e entra em colapso”, afirmou Capobianco.

Apesar do salto em maio, os dados consolidados de 2024 ainda mostram um alívio: houve uma queda de 30,6% no desmatamento da Amazônia em relação a 2023, segundo o sistema Prodes, também do Inpe, que faz a medição anual da perda de cobertura florestal.


Especialistas, contudo, veem os picos mensais como um sinal de fragilidade na governança ambiental. Para Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, a instabilidade é reflexo de uma guerra interna:

“Não há apenas divergências, mas fogo amigo contra o meio ambiente. A agenda ambiental não tolera duplo comando. Está mais do que na hora de o presidente Lula dar um rumo único ao seu governo nesta área”, disparou.

Enquanto isso, o Pantanal dá um respiro. Em maio, o bioma registrou uma redução de 65% no desmatamento em relação ao mesmo período de 2024. No acumulado de dez meses (de agosto de 2024 a maio de 2025), a queda foi ainda mais significativa: 74%, caindo de 1.035 km² para 267 km².

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