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Jornalistas, parlamentares e ativistas: quem são os conservadores na mira de Moraes

Na Espanha, o comunicador Oswaldo Eustáquio vive situação semelhante. Preso anteriormente no Brasil, hoje está em liberdade e foi alvo de um pedido de extradição negado pelo governo espanhol.

Jornalistas, parlamentares e ativistas: quem são os conservadores na mira de Moraes
Jornalistas, parlamentares e ativistas: quem são os conservadores na mira de Moraes (Foto: Reprodução)

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) deixou o Brasil com destino à Itália pouco antes de ter seu nome incluído na lista da Interpol, evitando uma ordem de prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Com a inclusão na difusão vermelha, Zambelli seria alvo de perseguição internacional em 196 países — o que muitos enxergam como mais um episódio da ofensiva do Judiciário contra parlamentares e vozes conservadoras.


Zambelli foi condenada pela Primeira Turma do STF sob alegações de envolvimento na invasão de sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A deputada nega veementemente qualquer participação no caso. Segundo sua defesa, “o hacker Walter Delgatti, também condenado, foi o único responsável pela invasão e tenta atribuir injustamente a culpa a ela”. Ainda assim, o STF manteve a condenação e rejeitou um recurso da parlamentar.

O caso escancara a atual disputa entre o Supremo e nomes ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, levantando debates sobre os limites do poder judicial, que muitos consideram ultrapassados. Moraes, que concentra diversas investigações contra conservadores, enfrenta dificuldades em impor suas decisões fora do Brasil — e críticas crescentes de entidades que defendem liberdades civis e direitos constitucionais.

Conservadores fora do alcance do STF

Outros nomes ligados ao campo conservador também são alvos de ordens de prisão que ainda não foram cumpridas. Allan dos Santos, conhecido por seu trabalho jornalístico nas redes, está nos Estados Unidos desde 2021. Embora o STF tenha solicitado sua extradição, as autoridades americanas ainda não responderam ao pedido, solicitando mais informações sobre o processo.

Na Espanha, o comunicador Oswaldo Eustáquio vive situação semelhante. Preso anteriormente no Brasil, hoje está em liberdade e foi alvo de um pedido de extradição negado pelo governo espanhol. A defesa afirma que houve falhas no processo brasileiro, e acusa a Justiça nacional de “cometer abusos”.

Já Leonardo Rodrigues de Jesus, o “Léo Índio”, sobrinho dos filhos de Bolsonaro, foi visto no alto do Congresso durante as manifestações do dia 8 de janeiro de 2023. Ele está atualmente na Argentina, também com ordem de prisão em aberto. Sua defesa afirma que ele exerceu seu “direito à liberdade de expressão” e participou de forma pacífica dos atos.

Apesar das dificuldades, prisões seguem acontecendo

Apesar da resistência de alguns países, o STF já conseguiu a prisão de 61 brasileiros acusados de envolvimento nos atos de 8 de janeiro, incluindo quatro mulheres nos EUA que entraram ilegalmente no país e foram deportadas. Uma delas, Cristiane da Silva, foi presa ao desembarcar no Brasil, mesmo após sair do país buscando segurança e melhores condições.


Na Argentina, pelo menos cinco brasileiros também enfrentam processos de extradição. Uma audiência importante está marcada para o próximo dia 18 de junho. O STF ordenou à Advocacia-Geral da União (AGU) que atue para acelerar essas extradições, mas os processos esbarram em entraves burocráticos, conflitos diplomáticos e em interpretações legais distintas entre os países.

Judiciário ou perseguição política? O debate cresce

Os casos vêm sendo interpretados por muitos como parte de um embate entre o Judiciário e lideranças conservadoras, frequentemente censuradas ou criminalizadas por suas posições. As decisões de Alexandre de Moraes têm gerado críticas severas de juristas, parlamentares e da sociedade civil, preocupados com o avanço de um Judiciário cada vez mais politizado.

Entidades de defesa da liberdade de expressão e garantias legais acompanham de perto a situação, com repercussão crescente na mídia internacional. Enquanto isso, aliados conservadores denunciam a escalada de perseguições políticas e jurídicas, enquanto seguem lutando, dentro e fora do Brasil, pela manutenção das liberdades individuais e pelo respeito ao devido processo legal.

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