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Novas revelações esquentam tensão: Paraguai cobra Lula por espionagem não encerrada

Giménez ressaltou que o Paraguai ainda espera uma resposta formal e clara, destacando que o Ministério das Relações Exteriores do país segue empenhado em “construir essa ponte” diplomática.

Novas revelações esquentam tensão: Paraguai cobra Lula por espionagem não encerrada
Novas revelações esquentam tensão: Paraguai cobra Lula por espionagem não encerrada (Foto: Reprodução)

O governo paraguaio reafirmou nesta quarta-feira (18) sua “posição firme” ao exigir explicações do Brasil diante das novas denúncias de espionagem envolvendo informações confidenciais da hidrelétrica binacional Itaipu. A crise diplomática ganhou novo fôlego após a publicação de novas revelações pela imprensa, que voltaram a agitar o cenário político em Assunção.


“Continuamos com a posição firme do governo paraguaio de receber as explicações pertinentes sobre os fatos ocorridos”, declarou o ministro da Indústria e Comércio do Paraguai, Javier Giménez, em entrevista à rádio ABC Cardinal.

Embora Giménez tenha isentado o governo Lula (PT) e responsabilizado diretamente a gestão de Jair Bolsonaro (PL), as denúncias mais recentes apontam que a espionagem não foi encerrada com a troca de governo. Segundo veículos de imprensa do Paraguai, agentes brasileiros teriam mantido atividades de inteligência e inclusive acessado, com antecedência, um discurso reservado do então chanceler paraguaio Julio Arriola, em março de 2023.

Em março deste ano, o próprio presidente Lula admitiu que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) organizou uma operação de espionagem contra o Paraguai em 2022, durante o governo Bolsonaro, mas garantiu que a operação foi encerrada oficialmente em 27 de março de 2023.

Em abril, os ministros das Relações Exteriores dos dois países — Rubén Ramírez (Paraguai) e Mauro Vieira (Brasil) — se reuniram em Buenos Aires para tratar da crise. De acordo com o Itamaraty paraguaio, Vieira afirmou que o governo brasileiro estava conduzindo uma “ampla investigação” e aguardava os resultados das apurações internas.


Giménez ressaltou que o Paraguai ainda espera uma resposta formal e clara, destacando que o Ministério das Relações Exteriores do país segue empenhado em “construir essa ponte” diplomática. “Essa solicitação precisa ser atendida de maneira satisfatória antes que possamos retomar as negociações do Anexo C de Itaipu”, afirmou.

O ministro também destacou que o Paraguai aguarda explicações não apenas pelas novas denúncias, mas também pela acusação original, reiterando o desejo de “reconstruir” os laços com o Brasil, seu principal parceiro comercial e estratégico.

O Anexo C do Tratado de Itaipu, assinado em 1973, determina que o Paraguai venda ao Brasil o excedente de energia da hidrelétrica a preços preferenciais. Neste ano, os dois países concordaram em aumentar as tarifas pagas pelo Brasil para 19,28 dólares (R$ 106) por quilowatt-mês, um acréscimo de cerca de 2,50 dólares (R$ 13,75) por quilowatt.



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