Líderes do governo detonam férias de Haddad no auge da crise
O clima azedou ainda mais na semana passada, quando a Câmara dos Deputados aprovou, em regime de urgência, um projeto que pode revogar o reajuste do IOF.

Em meio a uma crise fiscal e à tensão crescente no Congresso, a decisão do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de sair de férias nesta segunda-feira (16) gerou forte insatisfação entre líderes da base governista. O descontentamento é explícito nos bastidores: a ausência do ministro acontece em um momento decisivo para o governo, que enfrenta o risco de derrubada do aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), considerado crucial para manter as metas do novo Arcabouço Fiscal.
A Medida Provisória que trata da arrecadação também está no centro da controvérsia. Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticaram duramente a decisão de Haddad. Segundo relatos, muitos parlamentares demonstraram frustração em conversas reservadas. “Não tiramos férias em períodos críticos e esperávamos o mesmo comprometimento da equipe econômica”, disseram alguns deles.
Haddad ficará fora até domingo (22), tendo antecipado o recesso originalmente previsto para julho (11 a 22). A ausência do ministro coincide com o início do recesso informal do Congresso, motivado pelo feriado de Corpus Christi e as festas juninas — justamente o período em que o governo pretendia avançar nas negociações políticas com a Câmara.
O clima azedou ainda mais na semana passada, quando a Câmara dos Deputados aprovou, em regime de urgência, um projeto que pode revogar o reajuste do IOF. Pelo acordo firmado com o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), a votação do mérito ocorrerá em até duas semanas, encurtando o tempo de articulação do Executivo.
A equipe econômica contava com cerca de R$ 20 bilhões extras em arrecadação neste ano para cumprir as metas fiscais. A ausência de Haddad nesse cenário crítico deixou líderes governistas em alerta. “A falta de comando nesse momento compromete a costura política e pode trazer prejuízos irreversíveis”, lamentou um interlocutor do governo.
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