Irã ainda não se manifestou sobre os ataques a usinas pelos EUA
Os Estados Unidos são os únicos atores competentes que teriam o poder, no cenário internacional, para neutralizar o programa nuclear iraniano, já que possuem artilharia para tanto
O ex-presidente Donald Trump já havia sinalizado, dias atrás, que os Estados Unidos — aliados históricos de Israel — poderiam se envolver diretamente no crescente conflito no Oriente Médio. Agora, o cenário está ainda mais tenso com análises que indicam um possível colapso do regime iraniano, caso os EUA entrem em ação.
Especialistas ouvidos pelo g1 avaliam que uma ofensiva americana teria como objetivo principal desmantelar o programa nuclear iraniano, algo que representaria um golpe profundo na estabilidade interna do país persa. Para o professor Gunther Rudzit, o interesse dos EUA vai além do apoio a Israel: passa também por eliminar de vez a ameaça atômica iraniana.
“Por mais que o secretário de Defesa não queira se envolver em mais uma guerra no Oriente Médio, não tem como não ajudar o governo israelense a eliminar esse programa nuclear, que há muito tempo representa uma ameaça aos Estados Unidos”, explica Rudzit. “O equipamento militar americano está saindo ainda mais valorizado do que antes.”
A professora Priscila Caneparo reforça a tese de que só os EUA têm capacidade real para conter o avanço nuclear iraniano.
“Os Estados Unidos são os únicos atores competentes que teriam o poder, no cenário internacional, para neutralizar o programa nuclear iraniano, já que possuem artilharia para tanto, diferentemente de Israel”, pontua.
Do ponto de vista geopolítico, o professor Maurício Santoro acredita que o alvo imediato de Washington seria parar o programa atômico do Irã, mas que os sinais apontam para algo ainda maior: o enfraquecimento — ou até a queda — do regime dos aiatolás.
“Se o regime sobreviver a essa guerra, vai sair muito fragilizado. Existe um descontentamento muito grande da população, que pede por reformas e mudança política”, avalia Santoro.
No entanto, Caneparo alerta para os riscos de uma intervenção americana: a radicalização de grupos extremistas e a ampliação da instabilidade na região.
“Grupos como Hamas, os Houthis e o Hezbollah não são facilmente destruídos porque são ideias. E, a partir do momento em que os EUA se envolvessem nesse conflito diretamente, essas ideias se fortaleceriam dentro da população civil, não apenas no Irã, mas em boa parte do mundo árabe no Oriente Médio”, conclui.
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