Após artigo crítico, governo Lula envia carta para a The Economist
Para a The Economist, o “presidente deveria parar de fingir que o Brasil é importante em questões de guerra na Europa ou no Oriente Médio, e se concentrar em questões mais próximas de casa”.

O governo brasileiro enviou uma carta assinada pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, à revista britânica The Economist nesta terça-feira (1°) respondendo a um artigo que afirma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é “incoerente no exterior” e “impopular em casa”. O texto publicado no último domingo (29) questiona a influência externa e a popularidade interna do petista.
Para a The Economist, o “presidente deveria parar de fingir que o Brasil é importante em questões de guerra na Europa ou no Oriente Médio, e se concentrar em questões mais próximas de casa”. A revista criticou o presidente nesse sentido afirmando que “no começo, ser membro dos Brics oferecia ao Brasil uma plataforma para exercer influência global. Hoje, isso faz com que o país pareça cada vez mais hostil ao Ocidente”.
No entendimento da revista, Lula é “incoerente” por se reunir com líderes de países orientais enquanto não demonstra esforços para estreitar laços com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Segundo o artigo, isso faz do Brasil “a maior economia cujo líder não apertou a mão do presidente americano”. O brasileiro ainda foi criticado por sua atuação com os países vizinhos.
– Lula parece não estar disposto ou não ser capaz de reunir as nações latino-americanas para apresentar uma frente unida contra as deportações de imigrantes e a guerra tarifária de Trump – escreve a The Economist.
Em defesa do governo, o embaixador Mauro Vieira diz que o Brasil não faz “tratamento à lá carte do direito internacional” e que o respeito “à autoridade moral” do chefe do Executivo brasileiro é “indiscutível”. Além disso, na carta endereçada aos britânicos, o chanceler menciona que Lula “apresentou uma ousada proposta de taxação de bilionários que terá incomodado muitos oligarcas”.
O ministro destacou a importância dos Brics, sob a liderança de Lula, “na luta por um mundo multipolar, menos assimétrico e mais pacífico” e que “a posição do Brasil quanto aos ataques ao Irã e, sobretudo, às instalações nucleares é coerente com esses princípio”. O texto defende ainda que Lula não foi incoerente ao condenar a invasão da Ucrânia pela Rússia, apontando a necessidade de uma resolução para o conflito.
– Lula não é popular entre os negacionistas climáticos. Em face de uma nova corrida armamentista, ele está entre os líderes que denunciam a irracionalidade de investir na destruição, em detrimento da luta contra a fome e do aquecimento global – diz a carta de Mauro Vieira.
*AE/Pleno News.
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