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Alckmin minimiza operação contra Bolsonaro e tenta blindar Lula em negociações com os EUA

Alckmin fala em "união nacional" para enfrentar pressão dos EUA, mas ecoa discurso de Lula

Alckmin minimiza operação contra Bolsonaro e tenta blindar Lula em negociações com os EUA
Alckmin minimiza operação contra Bolsonaro e tenta blindar Lula em negociações com os EUA (Foto: Reprodução)

O vice-presidente da República e atual ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, afirmou nesta sexta-feira (18) que a operação policial envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é uma questão exclusiva do Judiciário e que, segundo ele, não deve interferir nas tratativas do governo com os Estados Unidos sobre a nova tarifa de 50% imposta a produtos brasileiros.


– "Cabe ao Poder Judiciário, não é atribuição do Poder Executivo", disse Alckmin, tentando se desvencilhar da crise política que envolve o líder da direita brasileira. Segundo ele, “não pode e não deve” haver interferência entre questões judiciais e as negociações tarifárias. “Porque a separação dos Poderes é base do Estado de Direito, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Os Poderes são independentes, isso é de Montesquieu, isso não é de hoje”, declarou o ministro, em tom de teoria política.

Durante entrevista na saída do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), Alckmin tentou mudar o foco e enfatizou encontros com setores da indústria nacional e com representantes do agro e da mineração — áreas fundamentais da economia que podem ser diretamente afetadas pelas medidas tarifárias americanas.

– “Não há relação entre uma questão jurídica ou política e tarifa. É até um precedente muito ruim essa relação entre política tarifária, que é regulatória, sobre questões de outro Poder” – completou Alckmin, numa tentativa de isolar o governo Lula das consequências políticas da perseguição judicial contra Bolsonaro.


Alckmin fala em "união nacional" para enfrentar pressão dos EUA, mas ecoa discurso de Lula


Apesar de tentar se posicionar como articulador técnico, Alckmin adotou tom político ao defender a “soberania nacional” frente à nova investida dos EUA. De acordo com ele, o Brasil precisa se unir para enfrentar a tentativa americana de impor tarifas que enfraquecem a competitividade nacional.

– “Os EUA têm superávit com o Brasil há 15 anos, mais de 400 bilhões de dólares. E nós precisamos também desfazer desinformação. O que a gente colheu de todas essas audiências? Primeiro, uma união nacional em torno da soberania do país, que é inegociável” – afirmou, em sintonia com falas recentes de Lula.

O vice-presidente ainda classificou a tarifa americana como uma medida de “perde-perde”, já que encarece o produto brasileiro e pressiona a inflação nos Estados Unidos.

– “A disposição do Brasil é a negociação”, frisou, dizendo que o governo brasileiro quer evitar um embate direto e aposta no diálogo.

Alckmin também comentou que uma eventual ação na Organização Mundial do Comércio (OMC) só poderá ser feita se houver um “fato concreto” e, mesmo assim, passaria por etapas como painel de análise e recurso.


Carta enviada aos EUA ainda sem resposta


Por fim, Alckmin revelou que a carta enviada por ele e pelo chanceler Mauro Vieira ao governo norte-americano, no último dia 16, ainda não foi respondida. No documento, o governo brasileiro expressa “indignação” com a tarifa de 50% imposta a produtos nacionais, mas sinaliza disposição para negociar.


Além disso, cobram resposta a uma correspondência anterior, enviada em maio, com uma proposta confidencial para evitar o aumento da taxação.

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