Delegado que indiciou Bolsonaro depõe hoje: Moraes quer ouvir até Mourão e ex-comandantes militares
Entre os convocados pelo STF está o delegado da Polícia Federal Fábio Shor — o mesmo que indiciou Bolsonaro — e os ex-comandantes militares Freire Gomes (Exército) e Carlos de Almeida Baptista Júnior (Aeronáutica). Todos foram intimados e devem prestar depoimento nesta segunda.

O Supremo Tribunal Federal (STF) segue, nesta segunda-feira (21), com mais uma rodada de oitivas no controverso inquérito que tenta imputar ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados uma suposta tentativa de golpe de Estado. O foco do dia são os depoimentos de testemunhas ligadas aos chamados núcleos 2 e 3 do inquérito — que, segundo a narrativa da Procuradoria-Geral da República (PGR), teriam atuado para manter Bolsonaro no poder após as eleições de 2022.
Entre os convocados pelo STF está o delegado da Polícia Federal Fábio Shor — o mesmo que indiciou Bolsonaro — e os ex-comandantes militares Freire Gomes (Exército) e Carlos de Almeida Baptista Júnior (Aeronáutica). Todos foram intimados e devem prestar depoimento nesta segunda.
Shor é apontado como testemunha-chave pela defesa de Filipe Martins (ex-assessor internacional de Bolsonaro) e do coronel Marcelo Câmara. O delegado, no entanto, faltou à audiência marcada para o dia 16 de julho, o que fez com que os advogados pedissem a intimação formal — inicialmente aceita e depois revogada por Alexandre de Moraes. Somente na última quinta-feira (17), Moraes voltou atrás mais uma vez e determinou a convocação das testemunhas.
Entre os nomes listados para depor também estão os deputados federais Eduardo Pazuello (PL-RJ) e Hélio Lopes (PL-RJ), ambos próximos ao ex-presidente, além de generais, coronéis e oficiais das Forças Armadas. Todos foram citados por Filipe Martins, Marcelo Câmara e pelo ex-diretor da PRF Silvinei Vasques.
Esses três fazem parte do núcleo 2, acusado pela PGR de redigir uma “minuta do golpe”, monitorar o ministro Alexandre de Moraes e articular com a PRF ações que teriam supostamente dificultado o voto de eleitores no Nordeste durante o segundo turno de 2022. Para o procurador-geral Paulo Gonet, Filipe Martins teria ajudado Bolsonaro na ideia de decretar estado de sítio no Brasil, conforme alegações do tenente-coronel Mauro Cid. Já Câmara teria repassado informações sobre autoridades, e Silvinei, segundo a acusação, teria usado a estrutura da PRF para interferir no processo eleitoral.
O núcleo 3, por sua vez, é acusado de ter articulado ações mais “impactantes” — nas palavras da PGR — para dar continuidade ao plano golpista. O Ministério Público alega que, no dia 28 de novembro de 2022, após a eleição de Lula, o grupo se reuniu para discutir o envio de uma carta aos comandantes das Forças Armadas, incentivando ruptura institucional. A acusação vai além, apontando que o grupo chegou a cogitar atos extremos, como o assassinato de autoridades — incluindo Lula, Alexandre de Moraes e Geraldo Alckmin.
Entre os militares chamados a prestar depoimento pelo STF estão os generais Freire Gomes, G. Dias, Júlio Cesar de Arruda, Sérgio Negraes, Gustavo Dutra, André Luis Miranda, Carlos Alberto Pimentel e o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS). Esses nomes foram indicados pelo general da reserva Estevam Theophilo.
O processo tramita sob sigilo parcial, mas vem sendo usado como instrumento para aprofundar a ofensiva jurídica contra aliados do ex-presidente — o que tem despertado fortes críticas entre juristas, parlamentares e parte da opinião pública que enxergam excessos e perseguição política.
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