Em plena crise com os EUA, Lula corre ao Chile para se alinhar com aliados socialistas
Entre os assuntos a serem tratados, Lula deve atacar o que chama de “uso de tarifas como arma” política e eleitoral por parte dos EUA.
Nesta segunda-feira (21), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarca para o Chile para participar de uma reunião com líderes de esquerda ibero-americanos. O encontro, claramente político, terá como foco o combate ao que chamam de “extremismo” — um termo cada vez mais usado para rotular conservadores, principalmente nas redes sociais.
A viagem acontece em meio a uma crescente tensão entre o Brasil e os Estados Unidos, após medidas anunciadas pelo governo republicano nos EUA, interpretadas por Lula como “retaliação” e suposta “interferência” na soberania nacional. Essas questões estarão no centro das discussões no encontro em Santiago.
Entre os assuntos a serem tratados, Lula deve atacar o que chama de “uso de tarifas como arma” política e eleitoral por parte dos EUA. Também vai criticar a atuação de líderes conservadores na América Latina, além de insistir na pauta de taxação das big techs, da governança digital conjunta e da regulação da inteligência artificial.
Desde 2023, o governo brasileiro tem buscado maneiras de taxar as grandes plataformas digitais, mas essa proposta ganhou força após o confronto com Donald Trump e a ameaça do governo brasileiro de aplicar “reciprocidade”.
Segundo um integrante do governo envolvido nos preparativos, Lula pretende levantar a polêmica carta de Trump, que propôs uma tarifa de 50% em produtos brasileiros caso ações judiciais no Brasil não fossem encerradas — ações essas que, supostamente, beneficiariam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e empresas americanas. O Planalto classificou a medida como “um dos ataques mais explícitos à democracia brasileira”.
Além de Lula e do presidente do Chile, Gabriel Boric — anfitrião do encontro —, também participarão o presidente da Colômbia, Gustavo Petro; o recém-eleito presidente do Uruguai, Yamandú Orsi; e o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez.
A presidente do México, Claudia Scheinbaum, chegou a ser convidada pessoalmente por Boric, já que também tem sido alvo de pressões do governo Trump, mas até o momento não confirmou presença.
Esse novo fórum de presidentes alinhados à esquerda foi acordado ainda no ano passado, após a posse de Trump e medidas como as deportações em massa. Durante uma videoconferência em fevereiro, os líderes se comprometeram a “combater a manipulação digital e a polarização nas redes sociais”, o que muitos interpretam como uma tentativa de censurar opositores.
De acordo com a presidência chilena, os temas centrais da cúpula incluem: defesa do “multilateralismo”, suposto fortalecimento da “democracia” e medidas contra a “desinformação”, além da regulação de novas tecnologias — sempre sob a ótica progressista de “justiça social”.
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