Moraes evita prisão preventiva e expõe temor de transformar Bolsonaro em mártir político
Juristas de diferentes linhas ideológicas reconhecem o dilema. O ex-desembargador Walter Maierovitch foi direto no UOL News: “a prisão preventiva de Bolsonaro não vai sair nem a pau”, reforçando que, se decretada, apenas validaria “a história da perseguição política, agora com base em elementos sólidos”. Até mesmo adversários do ex-presidente admitem que uma prisão neste momento exporia o STF como um ator político disfarçado de tribunal.

O Supremo Tribunal Federal (STF) enfrenta um impasse que escancara mais a sua atuação política do que o exercício da Justiça. Nos bastidores da Corte, cresce o entendimento de que prender Jair Bolsonaro (PL) de forma preventiva seria um verdadeiro tiro no pé. A medida só serviria para transformá-lo num mártir e fortalecer o discurso que já ecoa entre milhões: o de que ele é alvo de uma perseguição implacável do sistema.
Juristas de diferentes linhas ideológicas reconhecem o dilema. O ex-desembargador Walter Maierovitch foi direto no UOL News: “a prisão preventiva de Bolsonaro não vai sair nem a pau”, reforçando que, se decretada, apenas validaria “a história da perseguição política, agora com base em elementos sólidos”. Até mesmo adversários do ex-presidente admitem que uma prisão neste momento exporia o STF como um ator político disfarçado de tribunal.
O cálculo que tem guiado o Supremo já não é jurídico — é estratégico. Medem impactos, temem reações e, no fundo, revelam uma corte que se equilibra entre ativismo e conveniência. A democracia, nesse cenário, virou um tabuleiro de xadrez, e o STF, refém de suas próprias jogadas. Pior: quanto mais atua politicamente, mais desgasta a confiança que ainda resta na instituição.
Enquanto isso, Bolsonaro segue ganhando fôlego. Cada hesitação da Corte é lida por sua base como uma vitória, reforçando a imagem de um líder injustiçado que enfrenta um sistema corrupto e disposto a silenciá-lo. Hoje, a possibilidade de prisão parece ter o efeito contrário: em vez de enfraquecê-lo, o projeta ainda mais como símbolo de resistência.
No fim das contas, ao evitar medidas duras por medo do impacto político e diplomático, Alexandre de Moraes e o STF acabam fazendo exatamente o que Bolsonaro quer: colocam o ex-presidente no centro do palco, com protagonismo político renovado. A Corte, que deveria ser o pilar da estabilidade jurídica, se tornou o combustível da retórica de um povo que já entendeu o jogo.
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