Brasil dobra aposta no Brics para enfrentar Trump
Em entrevista ao jornal britânico Financial Times, Amorim alegou que as ações de Trump estariam, na verdade, fortalecendo os laços do Brasil com o Brics.

O assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, deixou claro que o governo Lula pretende aprofundar ainda mais sua aliança com o bloco do Brics, mesmo diante das firmes posições adotadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que cogita impor tarifas aos países do grupo.
Em entrevista ao jornal britânico Financial Times, Amorim alegou que as ações de Trump estariam, na verdade, fortalecendo os laços do Brasil com o Brics. Ele insistiu que o bloco não seria motivado por ideologias, mas que tem como objetivo enfrentar o que chamou de “abandono da ordem multilateral” por parte dos EUA. – “Queremos ter relações diversificadas e não depender de nenhum país” – declarou ao veículo, mencionando parcerias com Europa, América do Sul e Ásia.
Amorim também apelou para que a União Europeia aprove logo o acordo com o Mercosul, alegando que isso traria ganhos econômicos imediatos e ajudaria a equilibrar o cenário da chamada "guerra comercial". O assessor citou ainda que o Canadá demonstrou interesse em um acordo de livre-comércio com o Brasil.
Ao comentar a postura do presidente Donald Trump sobre o Brasil, Amorim acusou o líder americano de interferência nos “assuntos internos brasileiros”, referindo-se ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Para ele, esse tipo de atitude seria algo “inédito”, chegando a dizer: – “Não acho que nem mesmo a União Soviética teria feito algo assim.”
Segundo Amorim, o último ano do terceiro mandato de Lula focará a política externa no fortalecimento dos laços com países da América do Sul, já que o continente, segundo ele, negocia mais com outras regiões do que entre si.
Apesar disso, Amorim tentou negar que o Brasil estivesse apostando suas fichas na China. Mesmo sendo o maior parceiro comercial do país, o embaixador declarou: – “Os países não têm amigos, somente interesses. Trump não tinha nem amigos, nem interesses, somente desejos. Uma ilustração de poder absoluto.”
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