“Caçado por Moraes”, senador Do Val entra nos EUA com visto especial usado por aliados da inteligência americana
Segundo o próprio parlamentar declarou ao portal Metrópoles, trata-se de uma permissão concedida apenas a estrangeiros que prestam informações consideradas cruciais para os interesses de segurança dos EUA.

Mesmo sob a mira de decisões autoritárias do ministro Alexandre de Moraes, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) deixou o Brasil rumo aos Estados Unidos, entrando no país norte-americano com um visto de categoria especial, conhecido como “visto S”. Segundo o próprio parlamentar declarou ao portal Metrópoles, trata-se de uma permissão concedida apenas a estrangeiros que prestam informações consideradas cruciais para os interesses de segurança dos EUA.
“Minha filha é cidadã americana, nascida nos Estados Unidos. Além disso, possuo quatro cidadanias e um visto americano de categoria S. Recomendo que pesquisem essa categoria antes de fazer insinuações equivocadas”, afirmou Do Val em março deste ano, ao responder críticas sobre seu envolvimento com tecnologia e inteligência artificial.
Conforme o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, o visto “S” se destina a estrangeiros que forneçam dados estratégicos para investigações contra organizações criminosas ou terroristas. O programa é limitado a 200 vistos por ano para colaboradores de ações contra o crime organizado, e 50 para casos ligados a terrorismo ou ao programa de recompensas do Departamento de Estado. Familiares diretos dos informantes também podem se beneficiar da autorização especial.
O senador é alvo de uma série de investigações no Supremo Tribunal Federal, muitas delas com forte componente político. Entre os episódios recentes:
É investigado por tentar invalidar as eleições de 2022;
Em fevereiro, relatou à imprensa que teria participado de uma reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-deputado Daniel Silveira, ocasião em que, segundo ele, foi sugerido que gravasse conversas com Alexandre de Moraes, presidente do TSE nas últimas eleições;
O objetivo seria expor declarações comprometedoras de Moraes, que desde então tem sido acusado por muitos de agir como censor e perseguidor político;
Após pressão, Do Val alterou sua versão e tentou isentar Bolsonaro de qualquer envolvimento;
Em julho, a Polícia Federal cumpriu mandado contra ele, alegando vazamento de documentos sigilosos relacionados aos atos de 8 de janeiro;
Mais recentemente, foi novamente alvo de inquérito aberto por Moraes, desta vez por compartilhar informações consideradas "falsas" e expor agentes da PF;
O ministro determinou o bloqueio de suas redes sociais, a apreensão de seus passaportes (inclusive o diplomático) e o congelamento de R$ 50 milhões de seus bens;
Ainda assim, Do Val conseguiu deixar o país pela fronteira de Manaus rumo aos EUA, mesmo após Moraes ter negado seu pedido oficial de viagem em julho.
O manual oficial dos EUA sobre o visto S afirma: “O programa é particularmente útil para testemunhas ou informantes que poderiam estar em perigo nos seus países. É também de benefício substancial para várias testemunhas e informantes que poderiam não estar legalmente habilitados para entrar ou permanecer nos Estados Unidos”.
A reportagem do Metrópoles procurou a Polícia Federal, que se limitou a dizer que não trata de questões relacionadas a vistos. Nem o Itamaraty nem a Embaixada dos EUA responderam até o momento.
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