Lula reage após Trump sancionar Moraes
A ordem executiva assinada por Trump intensificou a pressão sobre o governo brasileiro e gerou desconforto no Palácio do Planalto. Lula se apressou em demonstrar apoio ao ministro Moraes, afirmando que “o Brasil é um país soberano e democrático” e criticando aquilo que chamou de “interferência inaceitável do governo norte-americano na Justiça brasileira”.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) divulgou nesta quarta-feira (30) uma nota oficial em reação à decisão do governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, atual presidente americano, de impor uma taxa extra de 40% sobre diversos produtos brasileiros — elevando a taxação total para 50%. A medida foi acompanhada pela inclusão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, entre os alvos de sanções da Lei Magnitsky, legislação americana que pune violações de direitos humanos e atos de corrupção internacional.
A ordem executiva assinada por Trump intensificou a pressão sobre o governo brasileiro e gerou desconforto no Palácio do Planalto. Lula se apressou em demonstrar apoio ao ministro Moraes, afirmando que “o Brasil é um país soberano e democrático” e criticando aquilo que chamou de “interferência inaceitável do governo norte-americano na Justiça brasileira”.
A manifestação foi publicada após Lula reunir-se com aliados do núcleo duro do governo, como Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Sidônio Palmeira (Comunicação) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União).
Sobre as sanções a Moraes, a nota afirma que “o governo brasileiro se solidariza com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, alvo de sanções motivadas pela ação de políticos brasileiros que traem nossa pátria e nosso povo em defesa dos próprios interesses”.
O texto defende a atuação do STF e afirma que “Justiça não se negocia”. Lula também ressaltou que, no Brasil, a lei “vale para todos” — inclusive para empresas de tecnologia e plataformas digitais. Ele ainda afirmou que a sociedade brasileira “rejeita conteúdos de ódio, racismo, pornografia infantil, golpes, fraudes, discursos contra os direitos humanos e a democracia”.
Sobre as tarifas de Trump, o governo classificou a medida como motivada por razões “puramente políticas” e “injustificáveis”, frisando que o Brasil tem acumulado déficit nas relações comerciais com os EUA. Em 2024, o superávit americano com o Brasil foi de US$ 7 bilhões em bens, chegando a US$ 28,6 bilhões quando se somam bens e serviços — o terceiro maior superávit dos EUA no mundo.
“O uso de motivações políticas para justificar barreiras comerciais fere a soberania do Brasil e abala a relação histórica com os Estados Unidos”, diz a nota. Ainda assim, Lula sinalizou que o Brasil está aberto ao diálogo, mas sem abrir mão de seus instrumentos de defesa econômica. O governo já iniciou um levantamento dos impactos das novas tarifas e prepara medidas para proteger a indústria nacional.
A decisão da Casa Branca intensificou o clima de tensão entre Washington e Brasília. O governo americano justificou o tarifaço com base em uma suposta “ameaça incomum e extraordinária” à sua segurança nacional, relacionando as medidas à perseguição judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o que Trump tem descrito como uma “caça às bruxas”.
Vale lembrar que nem todos os produtos brasileiros foram afetados: itens estratégicos para os EUA, como derivados de laranja, aço e componentes aeronáuticos, ficaram de fora. A escalada começou em abril, quando Trump anunciou tarifas de 10% sobre produtos da América Latina. Em julho, o republicano subiu o tom e aumentou para 50%, em protesto contra o que considera abusos cometidos contra Bolsonaro no Brasil.
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