PT tenta “roubar” símbolos patrióticos da direita e ataca Eduardo Bolsonaro
O movimento revela a estratégia petista de “tomar” da direita a imagem do patriotismo, tão fortalecida nos últimos anos pelo campo bolsonarista.

O Partido dos Trabalhadores (PT), liderado por Lula, usou seu encontro nacional em Brasília para vestir uma nova roupagem política: trocar o vermelho tradicional pelas cores verde, amarelo e azul e tentar se apropriar de símbolos patrióticos historicamente defendidos pela direita. Além disso, endureceu os ataques contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados, usando como pano de fundo o recente tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros.
A reunião, que contou com militantes trajando as cores da bandeira, foi transformada em um ato contra a política comercial de Trump e contra membros do Supremo Tribunal Federal que estariam, segundo eles, sob pressão internacional. O movimento revela a estratégia petista de “tomar” da direita a imagem do patriotismo, tão fortalecida nos últimos anos pelo campo bolsonarista.
O presidente interino do PT, senador Humberto Costa (PE), aproveitou o palco para atacar o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), anunciando que pedirá sua cassação no Conselho de Ética da Câmara.
— É absurdo e indignante ouvir as falas afrontosas de Eduardo Bolsonaro contra o Brasil — disse Costa, criticando a permanência do parlamentar nos EUA, onde, segundo ele, teria articulado sanções contra autoridades brasileiras, apesar de Eduardo negar envolvimento direto no tarifaço.
No novo regimento interno aprovado pelo PT, há duras críticas à política externa de Donald Trump:
“A reação trumpista de promover um enfrentamento comercial, impondo seu tarifaço a 180 países, sem distinção entre ricos e pobres, parece tardia e improvisada — sem falar nos prejuízos que pode acarretar à economia e à população dos próprios Estados Unidos. Trump é o primeiro presidente na história do país a provocar deliberadamente uma crise econômica e financeira dessas proporções e em escala global.”
A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) também adotou o discurso de soberania:
— Estamos discutindo que esse país é soberano, e não é quintal ou celeiro dos Estados Unidos — declarou.
O evento teve ainda a presença de dois nomes marcados pelo escândalo do Mensalão: o ex-ministro José Dirceu e o ex-tesoureiro Delúbio Soares. Ambos tiveram as condenações anuladas e já se articulam para voltar à política como pré-candidatos à Câmara dos Deputados. Dirceu foi recebido como estrela pela militância, repetindo o clima de celebração visto em outros encontros petistas.
A reunião contou também com representantes da esquerda latino-americana, incluindo o Partido Justicialista, da Argentina. Humberto Costa defendeu a libertação da ex-presidente argentina Cristina Kirchner, condenada por corrupção e atualmente em prisão domiciliar. No mês passado, Lula esteve com Kirchner em Buenos Aires, num gesto que a oposição considerou um “ato de cumplicidade” com corruptos. O Planalto, porém, tratou como uma retribuição às visitas de aliados estrangeiros durante o período em que Lula esteve preso.
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