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Governo Trump cancela reunião com Haddad

O encontro vinha sendo buscado pelo governo Lula desde que o presidente Donald Trump impôs tarifas de 50% sobre determinados produtos. A reunião, que seria virtual, foi desmarcada e ainda não há nova data definida.

Governo Trump cancela reunião com Haddad
Governo Trump cancela reunião com Haddad (Foto: Reprodução)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, admitiu nesta segunda-feira (11/8) que uma reunião com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, prevista para acontecer na quarta-feira (13/8), foi cancelada pelo próprio governo norte-americano. Segundo ele, a decisão teria sido influenciada por articulações da “extrema-direita”, acusando diretamente o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) de trabalhar para impedir as tratativas entre Brasil e Estados Unidos.


O encontro vinha sendo buscado pelo governo Lula desde que o presidente Donald Trump impôs tarifas de 50% sobre determinados produtos. A reunião, que seria virtual, foi desmarcada e ainda não há nova data definida. “Argumentaram que falta de agenda. Uma situação bem inusitada”, disse Haddad à GloboNews. Ele relatou que recebeu o aviso de cancelamento por e-mail e reclamou que o Brasil, ao contrário de outros países afetados pelas medidas de Trump, sofre com “uma força política que está fazendo uma antidemocracia”.

Haddad acusou Eduardo Bolsonaro de admitir, em entrevista pública, que iria “inibir esse tipo de contato entre os dois governos” e que o motivo não seria comercial. Para o ministro, o Congresso deveria reagir contra parlamentares que, segundo ele, agem contra os “interesses nacionais”. “Como vai ficar? Nós estamos custeando o salário dessa pessoa, todos nós estamos pagando o salário dele. Ele não está trabalhando aqui, não está exercendo o mandato”, criticou, insinuando que o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro deveria responder judicialmente por isso.


Sobre a declaração do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que defendeu um contato direto entre Lula e Trump, Haddad ironizou: classificou a proposta como “ingênua” e “incompatível com os processos da diplomacia mundial”.


O ministro ainda reforçou que, para o governo dos Estados Unidos, a questão vai além do comércio. “A cada ação do governo diplomática no sentido de buscar compreender e explicar o funcionamento das instituições brasileiras, dos três poderes, da independência entre os três poderes, que foi respeitada, inclusive, quando o presidente Lula foi alvo de ação judicial”, afirmou, citando que Donald Trump já mencionou o ministro do STF, Alexandre de Moraes, em declarações anteriores.

Questionado sobre o futuro das negociações, Haddad reconheceu que os EUA estão “fazendo uma mudança estrutural” e alterando a forma de lidar com suas relações bilaterais no mundo.

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