Trump aperta o cerco: tarifaço de 50% atinge exportações brasileiras e Lula corre para conter prejuízo
O tarifaço integra um pacote de medidas protecionistas adotadas por Donald Trump contra diversos parceiros comerciais, incluindo União Europeia, China e Índia.

Em meio ao novo embate comercial com os Estados Unidos, o governo Lula anunciou nesta quarta-feira (13/8) um plano de contingência para tentar proteger empresas brasileiras do tarifaço de 50% imposto pelo presidente norte-americano, Donald Trump. Na véspera, Lula havia adiantado que o pacote de socorro deve custar pelo menos R$ 30 bilhões aos cofres públicos.
A medida vem uma semana após a sobretaxa entrar em vigor. O plano foi elaborado pela equipe econômica do petista nos últimos dias e apresentado pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin (PSB), que coordena a resposta brasileira. Ele informou que o programa Reintegra, que devolve parte dos impostos para exportadores, será ampliado: micro e pequenas empresas terão retorno de 6% sobre o valor exportado, enquanto grandes empresas receberão 3%.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, aproveitou para criticar a decisão de Washington. “Estamos em uma situação inusitada. O Brasil está sendo sancionado por ser mais democrático. É uma situação muito incomum. Está sujeito a uma retaliação injustificável do ponto de vista político e econômico”, disse. Segundo Alckmin, 36% das exportações brasileiras serão atingidas pela tarifa extra de 50% para entrar no mercado americano.
O tarifaço integra um pacote de medidas protecionistas adotadas por Donald Trump contra diversos parceiros comerciais, incluindo União Europeia, China e Índia. Inicialmente, as tarifas começariam em 1º de agosto, mas foram adiadas para 6 de agosto. Pouco antes, Trump assinou ordem executiva confirmando a sobretaxa, mas deixou cerca de 700 produtos fora da lista — entre eles suco de laranja, aeronaves, castanhas, petróleo e minério de ferro — que continuarão pagando apenas 10% de imposto.
Em 2024, o Brasil comprou US$ 40,6 bilhões em produtos dos EUA e exportou US$ 40,4 bilhões, gerando déficit de US$ 200 milhões para o lado brasileiro — cenário diferente do argumento usado pela Casa Branca para justificar a medida. “Não tem o menor cabimento ter uma tarifa para entrar no Brasil de 2,7% e 50% nos Estados Unidos”, declarou Alckmin.
Mesmo diante do aumento agressivo de impostos, o governo Lula tem buscado evitar retaliações e insiste no diálogo com Washington, tentando também reforçar a proteção das empresas brasileiras em outros mercados internacionais.
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