Bolívia vai as urnas hoje: eleições apontam derrota da esquerda e avanço da direita após 20 anos
A derrota da esquerda parece inevitável. O atual presidente Eduardo del Castillo aparece em último lugar nas pesquisas, enquanto o sucessor escolhido pelo MAS, Andrónico Rodríguez, também não consegue decolar.

Os bolivianos irão às urnas neste domingo em eleições gerais que podem pôr fim a duas décadas de domínio da esquerda ligada ao Movimento ao Socialismo (MAS), partido de Evo Morales. O pleito definirá presidente, vice-presidente e parlamentares para os próximos cinco anos, além de sinalizar uma possível virada histórica em direção ao centro ou à direita.
No total, 7,5 milhões de bolivianos dentro do país e outros 369 mil no exterior estão aptos a votar. Quem mora fora da Bolívia só poderá escolher a chapa presidencial e não é obrigado a participar.
Entre os oito partidos concorrentes, os nomes mais fortes da oposição são o empresário de centro-direita Samuel Doria Medina e o ex-presidente de direita Jorge “Tuto” Quiroga (2001-2002). As pesquisas indicam que nenhum candidato deve vencer de primeira, abrindo espaço para o primeiro segundo turno da história boliviana, previsto pela Constituição desde 2009.
A derrota da esquerda parece inevitável. O atual presidente Eduardo del Castillo aparece em último lugar nas pesquisas, enquanto o sucessor escolhido pelo MAS, Andrónico Rodríguez, também não consegue decolar. Para piorar, o próprio Evo Morales, que governou entre 2009 e 2016, está isolado e sem legenda, depois de insistir em disputar o cargo mesmo sendo barrado pela Constituição. Sem conseguir oficializar sua candidatura, Morales apelou para o voto nulo e mobilizou protestos nas ruas.
As pesquisas mostram ainda um alto índice de indecisos e votos em branco, o que pode ser decisivo no resultado final. Pela lei boliviana, esses votos não contam para o cálculo de maioria, mas apenas para estatísticas.
As urnas abrirão às 8h (12h em Brasília) e funcionarão por oito horas, ou até que o último eleitor em fila vote. O voto é obrigatório, e o cidadão precisa apresentar o comprovante em órgãos públicos e bancos nos 90 dias seguintes.
Para garantir transparência, será usado o Sistema de Transmissão de Resultados Preliminares (Sirepre), além da presença de 14 missões internacionais, incluindo União Europeia e Organização dos Estados Americanos (OEA).
Desde a última quinta-feira, o país vive o período de silêncio eleitoral. Um “decreto de bom governo” está em vigor, proibindo aglomerações, venda de álcool e a circulação de veículos sem autorização do órgão eleitoral.
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