Bolívia diz basta ao socialismo: direita cresce e Evo Morales amarga derrota política
Apesar da pressão do ex-presidente Evo Morales, que fez campanha pelo voto nulo, essa opção não teve a força esperada.

A Bolívia caminha para uma virada histórica. Pela primeira vez desde a Constituição de 2009, o país terá um segundo turno presidencial. O senador de centro-direita Rodrigo Paz Pereira e o ex-presidente de direita Jorge “Tuto” Quiroga, ambos opositores do atual governo de esquerda, foram os mais votados no pleito deste domingo (17) e disputarão a decisão nas urnas em outubro.
Segundo o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), com 95,4% das atas já contabilizadas, Paz Pereira, do Partido Democrata Cristão (PDC), aparecia em primeiro lugar com 32,14% dos votos, seguido de Quiroga, da aliança Livre, com 26,81%. Em terceiro ficou o empresário Samuel Doria Medina, da aliança Unidade, com 19,86%, também crítico ao atual regime socialista. O melhor colocado da esquerda foi o presidente do Senado, Andrónico Rodríguez, da aliança Popular, com apenas 8,22%. O candidato do partido governista, o Movimento ao Socialismo (MAS), Eduardo del Castillo, não passou de 3,16%.
Apesar da pressão do ex-presidente Evo Morales, que fez campanha pelo voto nulo, essa opção não teve a força esperada. Com 95% das seções apuradas, os votos válidos somavam 78,18%, contra 2,45% de brancos e 19,29% de nulos. Morales, impedido de concorrer após três mandatos, tentou articular um boicote eleitoral, mas não conseguiu reverter a tendência.
A ascensão de Paz Pereira, de 57 anos, surpreendeu analistas políticos. Considerado a grande revelação da eleição, ele saiu das últimas posições nas pesquisas para garantir um lugar no segundo turno contra Quiroga. Filho da espanhola Carmen Pereira e do ex-presidente boliviano Jaime Paz Zamora, nasceu em Santiago de Compostela em 1967 e passou a infância no exílio, devido à perseguição política sofrida por seus pais durante regimes militares.
Já Jorge “Tuto” Quiroga traz peso político à disputa: foi vice-presidente entre 1997 e 2001 e assumiu a presidência após a renúncia de Hugo Banzer por problemas de saúde.
Este cenário marca o enfraquecimento do socialismo boliviano, que dominou o país por duas décadas sob Evo Morales e, depois, Luis Arce. Sem disputar a reeleição, Arce terá de entregar a faixa presidencial em 8 de novembro ao vencedor entre Paz Pereira e Quiroga.
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