EUA cancelam evento militar com Brasil; Defesa acende alerta
Embora os EUA não tenham dado uma explicação oficial para o cancelamento, fontes ligam a decisão ao crescente embate entre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e o do presidente norte-americano Donald Trump.

O cancelamento de um exercício militar conjunto entre os Estados Unidos e a Força Aérea Brasileira (FAB) acendeu alertas no Ministério da Defesa em meio à crescente crise política e econômica entre os dois países. Além disso, a tradicional Operação Formosa, o maior treinamento anual da Marinha, também corre o risco de não contar com a presença norte-americana em 2025.
De acordo com comunicado da FAB, os Estados Unidos suspenderam a realização da Conferência Espacial das Américas, que estava marcada para ocorrer em Brasília entre 29 e 31 de julho. O evento reuniria autoridades de todo o continente para debater cooperação militar, espacial, econômica e tecnológica.
Atrito direto entre Lula e o presidente Donald Trump
A última edição da conferência aconteceu em Miami, com a presença de dez países, incluindo Argentina, Canadá e México. Embora os EUA não tenham dado uma explicação oficial para o cancelamento, fontes ligam a decisão ao crescente embate entre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e o do presidente norte-americano Donald Trump.
A tensão aumentou após Trump denunciar publicamente que o governo petista e o Supremo Tribunal Federal (STF) promovem uma “caça às bruxas” contra Jair Bolsonaro. Além disso, Washington aplicou sanções contra Alexandre de Moraes e cancelou vistos de magistrados e outras figuras ligadas ao Judiciário brasileiro.
No campo econômico, Trump também endureceu as relações ao elevar em 50% as tarifas sobre produtos brasileiros. Autoridades em Brasília, por sua vez, acusam os EUA de fechar canais de diálogo com o governo petista. Esse cenário reflete diretamente na cooperação militar, incluindo a Operação Formosa, que mobiliza cerca de 2 mil militares e mais de cem veículos.
Risco de isolamento militar e avanço da influência chinesa
Em 2023, os fuzileiros norte-americanos participaram do exercício ao lado de tropas chinesas, algo inédito na história militar brasileira. Para 2025, a Marinha ainda não recebeu resposta dos EUA ao convite oficial, enquanto a China já confirmou que ficará de fora nesta edição.
Mesmo após uma década de presença constante dos EUA em Formosa, o governo Lula demonstrou desconforto com essa parceria, alegando ser “inadequado” treinar com um país que impõe sanções ao Brasil.
Oficiais da Marinha, no entanto, enxergam outro fator: o fortalecimento dos laços militares entre Brasil e China. Tropas chinesas vêm ampliando sua participação em treinamentos no país, enquanto o governo brasileiro enviou um general para atuar diretamente na embaixada em Pequim.
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