Bolsonaro pediu ajuda a advogado de Trump para agradecer apoio do presidente americano
Em um áudio recuperado no celular de Bolsonaro, o ex-presidente conta ter redigido uma nota em defesa do republicano e pede instruções sobre como divulgá-la nas redes sociais.

Um relatório da Polícia Federal (PF) indica que o ex-presidente Bolsonaro (PL) recorreu ao advogado Martin De Luca, advogado da Rumble e da Trump Media, para receber orientações sobre como se posicionar publicamente em relação à decisão de Trump de aplicar tarifa sobre o Brasil por denúncias de violações à liberdade e perseguição a Bolsonaro.
Em um áudio recuperado no celular de Bolsonaro, o ex-presidente conta ter redigido uma nota em defesa do republicano e pede instruções sobre como divulgá-la nas redes sociais.
“Martin, peço que você me oriente também, me desculpa aqui tá, minha modéstia, como proceder. Eu fiz uma nota, acho que eu te mandei. Tá certo? Com quatro pequenos parágrafos, boa, elogiando o Trump, falando que a questão de liberdade tá muito acima da questão econômica. A perseguição a meu nome também, coisa que me sinto muito… pô fiquei muito feliz com o Trump, muita gratidão a ele. Me orienta uma nota pequena da tua parte, que eu possa fazer aqui, botar nas minhas mídias, pra chegar a vocês de volta aí. Obrigado aí. Valeu, Martin”, disse Bolsonaro. Para a PF, esse tipo de pedido revela suposta tentativa de alinhar sua atuação política a ‘interesses externos’ e de usar medidas de outro governo em benefício próprio.
Em resposta, De Luca teria prometido enviar “um resumo de como acho que pode melhorar a comunicação em relação ao tarifaço”. O advogado é representante oficial da Rumble e da Trump Media, empresas que têm enfrentado decisões judiciais no Brasil.
As mensagens foram localizadas em julho, quando a PF apreendeu o celular de Bolsonaro durante operação autorizada pelo Supremo Tribunal Federal.
O ex-presidente e De Luca também trocaram reportagens e documentos. No dia 14 de julho, o advogado teria encaminhado a Bolsonaro uma petição da Rumble e da Trump Media em processo contra Alexandre de Moraes.
As companhias acusam Moraes de censura e afirmam que suas determinações “violam a soberania dos EUA”. No início do ano, o ministro determinou que a Rumble retirasse do ar a conta do blogueiro Allan dos Santos, foragido da Justiça brasileira e residente nos Estados Unidos. Diante do descumprimento, Moraes ordenou a suspensão da plataforma no país.
No relatório, a PF conclui: “Dessa forma, o contexto dos diálogos entre JAIR BOLSONARO e o advogado MARTIN DE LUCA evidencia ações previamente coordenadas com o representante da empresa RUMBLE, plataforma impedida de operar no Brasil por descumprimento de decisões judiciais. A adesão subjetiva por interesses comuns entre os investigados se materializa nas ações de ataques ao Poder Judiciário brasileiro, evidenciado pelo desvio de finalidade da pretensão formulada em ação judicial no exterior, bem como no prévio ajuste de conteúdos a serem publicados em redes sociais contra membros do STF.”
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