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Derrota frustra governistas, e aliados de Lula avaliam abandonar CPI do INSS

Oposição promete CPI do INSS tão dura contra Lula quanto a da pandemia contra Bolsonaro

Derrota frustra governistas, e aliados de Lula avaliam abandonar CPI do INSS
Derrota frustra governistas, e aliados de Lula avaliam abandonar CPI do INSS (Foto: Reprodução)

A derrota do governo Lula na eleição para a presidência da CPI do INSS foi um verdadeiro balde de água fria para os aliados do petista. O fracasso expôs a desarticulação do Planalto e deixou parlamentares governistas desmotivados para defender a gestão dentro do colegiado. Nos bastidores, pelo menos dois senadores já falam em abandonar a comissão: Eduardo Braga (MDB-AM), líder do partido, e Renan Calheiros (MDB-AL), ex-presidente do Senado.


Desde o início, nenhum dos dois demonstrava entusiasmo com a CPI, mas perder o comando para a oposição tornou sua permanência insustentável. “O governo se descuidou enquanto a oposição se organizava”, reconhecem congressistas.


O acordo costurado para manter o controle da CPI previa a presidência do senador Omar Aziz (PSD-AM) e a relatoria do deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO), ambos próximos de Lula. Mas o plano ruiu quando Aziz foi derrotado pelo senador Carlos Viana (Podemos-MG), que entregou a relatoria ao opositor Alfredo Gaspar (União-AL).


Com a comissão agora sob o comando da oposição, o trabalho de quem tentar blindar Lula ficará muito mais difícil. A possível saída de Renan e Braga, dois dos nomes mais fortes do MDB, tende a enfraquecer ainda mais a tropa governista dentro da CPI.


Mesmo tentando conter o estrago, o governo corre contra o tempo. Depois da derrota, aliados correram ao Palácio do Planalto para se reunir com Gleisi Hoffmann, responsável pela articulação política. O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), assumiu publicamente a culpa pelo fracasso e tentou minimizar a crise dizendo que a base ainda teria maioria no colegiado.

Mas a realidade mostra um cenário instável: a oposição pode se beneficiar de suplentes de direita para desequilibrar votações, já que a formação do bloco partidário na Câmara misturou PT e PL em um arranjo apenas para dividir cargos. O tiro, agora, saiu pela culatra.

A direita já articula para transformar a CPI em um instrumento de desgaste contra Lula, assim como a CPI da pandemia foi usada para atacar Jair Bolsonaro em 2021. E um dos principais alvos será ninguém menos que o irmão do presidente, José Ferreira da Silva, o “Frei Chico”, vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos, envolvido no escândalo dos descontos ilegais em aposentadorias.

O senador Izalci Lucas (PL-DF) e o relator Alfredo Gaspar já apresentaram requerimentos para convocar Frei Chico e até quebrar seu sigilo bancário. As primeiras votações do colegiado estão previstas para a próxima semana e prometem tensão.

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