William Bonner anuncia saída do Jornal Nacional após quase 30 anos na bancada da Globo
No lugar de Bonner entra César Tralli, que deixa o Jornal Hoje para dividir a bancada com Renata Vasconcellos. Já Roberto Kovalick assumirá o telejornal da tarde.

Quando desejar um simples “boa noite” no Jornal Nacional, William Bonner já não será o mesmo. O apresentador, que se tornou o rosto mais conhecido da Rede Globo, deixa o comando do principal telejornal da emissora em novembro, depois de quase três décadas à frente do noticiário. Foram cerca de 10 mil edições desde sua estreia, em 1996.
No lugar de Bonner entra César Tralli, que deixa o Jornal Hoje para dividir a bancada com Renata Vasconcellos. Já Roberto Kovalick assumirá o telejornal da tarde.
Bonner, no entanto, não está se aposentando. Ele passará a comandar o Globo Repórter às sextas-feiras ao lado de Sandra Annenberg. A saída foi definida em acordo com a emissora, algo que, segundo o jornalista, já estava planejado há cinco anos.
Em conversa com jornalistas no Rio, Bonner classificou sua saída como um “movimento tectônico” na história do telejornalismo. “Minha maior preocupação era dar a esse anúncio uma enorme leveza. Não é o maior evento da Terra, não estou saindo da Globo”, afirmou. O âncora explicou que o desgaste emocional pesou na decisão, principalmente pela distância de seus dois filhos, que vivem fora do país: “Venho de anos de uma exaustão muito louca, e um dos maiores motivos é que tenho dois filhos morando e trabalhando fora do Brasil. A saudade é muito dolorosa.”
Aos 61 anos, Bonner se tornou o apresentador mais longevo do Jornal Nacional desde a estreia do programa, em 1969. Cobriu momentos marcantes, como os ataques de 11 de setembro nos Estados Unidos, a morte de colegas jornalistas e crises nacionais, incluindo a pandemia. Ele recorda como mais dramática a ocasião em que abandonou o tom protocolar para criticar a desinformação em plena crise sanitária: “Foi o único momento em que botei para fora um sentimento de indignação, sem combinar com ninguém da empresa, nem comigo mesmo”.
Nos últimos anos, Bonner também foi protagonista de mudanças no estilo do telejornal, buscando uma linguagem mais “próxima” e menos engessada, com maior interação com repórteres e cobertura externa. Ao lado de Renata Vasconcellos, trouxe o que chama de “calor humano” à bancada.
A Globo preparou sua saída com cuidado. O diretor de jornalismo da emissora, Ricardo Villela, afirmou que a troca foi fruto de pesquisas e confiança em Tralli. Já o novo âncora disse estar consciente da responsabilidade: “Sou um repórter na apresentação, passei 15 anos fazendo matérias para o Jornal Nacional. Sei como o jornal funciona e tenho consciência de como a coisa toda funciona, mas tenho muita responsabilidade e tenho muito o pé no chão.”
Bonner assumiu a bancada em 1996, substituindo Cid Moreira e Sérgio Chapelin, e acumulou também a função de editor-chefe em 1999 — posto que agora ficará nas mãos de Cristiana Souza Cruz.
No Globo Repórter, Bonner terá apenas o papel de apresentador e repórter, sem funções de chefia. Ele resume sua escolha de forma direta: “É muito desgastante. Só queria parar enquanto tiver saúde para aproveitar.”
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