Governo Lula quer ressuscitar o horário de verão
Segundo a pasta, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) acompanha a situação e fornece dados técnicos para embasar a possível retomada.
O governo Lula avalia trazer de volta o polêmico horário de verão já em 2025. O Ministério de Minas e Energia (MME) confirmou que o tema está em análise e que a decisão leva em conta estudos recentes sobre o pico de consumo de energia, especialmente diante da expansão das usinas solares e fotovoltaicas.
Segundo a pasta, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) acompanha a situação e fornece dados técnicos para embasar a possível retomada. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) também está envolvido nas discussões e, em nota, afirmou que já apresentou ao CMSE “um conjunto de medidas preventivas para mitigar possíveis déficits de potência no período seco”. Entre essas medidas, aparece justamente o retorno do horário de verão.
O ONS, no entanto, fez a ressalva de que a mudança “não é imprescindível para a segurança energética em 2025”, destacando que a palavra final cabe ao governo e deve levar em conta também as opiniões dos setores mais afetados.
A suspensão em 2019
O horário de verão foi aplicado de forma intermitente desde 1931, mas acabou suspenso em 2019, após estudos apontarem que a economia de energia havia perdido relevância. Isso porque, ao longo dos anos, o uso de iluminação artificial deixou de ser o principal fator de gasto, dando lugar ao consumo pesado de aparelhos como ar-condicionado e aquecedores.
O que dizem os especialistas
Para a professora e mestre em engenharia civil Sâmya Gomes Veloso, da faculdade Estácio Brasília, novos fatores recolocaram o tema em debate. Ela recorda que, em 2024, o ONS apresentou um estudo mostrando que a mudança no relógio ajudaria a reduzir a pressão no sistema elétrico no início da noite, “entre as 18h e as 20h, quando há queda na geração solar”.
A especialista explicou: “Nos últimos anos, os extremos climáticos têm pressionado o sistema, com aumento do consumo de equipamentos como ar-condicionado e aquecedores. Isso gera riscos de sobrecarga, especialmente em grandes centros urbanos”.
Na avaliação dela, o horário de verão poderia aliviar os picos de demanda, mesmo que não signifique redução direta na conta de luz do consumidor.
Como funciona o horário de verão
Adianta os relógios em uma hora em relação ao horário oficial;
Normalmente aplicado entre outubro e fevereiro;
Objetivo inicial: aproveitar melhor a luz do dia e reduzir consumo de energia;
Pessoas iniciam suas atividades com o sol mais alto;
O pico de consumo no fim da tarde é deslocado, reduzindo a sobrecarga;
Benefícios esperados: mais equilíbrio entre oferta e demanda de energia.
No passado, a medida funcionava porque a iluminação era um dos maiores gastos. Hoje, com o peso do ar-condicionado e aquecedores, os efeitos são menos significativos. Ainda assim, a pressão crescente sobre o sistema elétrico e as mudanças climáticas reacenderam a discussão.
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