Bate-boca no STF: Moraes e Fux trocam farpas em julgamento contra Bolsonaro

Moraes já discursava há mais de duas horas quando Dino interrompeu, em tom de brincadeira, dizendo que o colega “precisava tomar uma água” antes de continuar. A fala causou incômodo em Fux, que lembrou do acordo feito entre os ministros para que os votos fossem lidos sem interrupções.

Na retomada do julgamento contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete acusados de uma suposta “trama golpista”, nesta terça-feira (9), o Supremo Tribunal Federal voltou a ser palco de atritos. Durante a sessão, Alexandre de Moraes e Luiz Fux trocaram farpas depois de uma intervenção inusitada do ministro Flávio Dino.

Moraes já discursava há mais de duas horas quando Dino interrompeu, em tom de brincadeira, dizendo que o colega “precisava tomar uma água” antes de continuar. A fala causou incômodo em Fux, que lembrou do acordo feito entre os ministros para que os votos fossem lidos sem interrupções.

– Só para falar uma questão de ordem, conforme nós combinamos na sala, alguns ministros votariam direto sem intervenções de outros colegas. Embora foi muito própria essa intervenção do ministro Flavio Dino, eu gostaria de cumprir aquilo que nós combinamos no momento em que eu votar – afirmou Fux.

Na sequência, o presidente da Primeira Turma, Cristiano Zanin, saiu em defesa de Dino, justificando que a interrupção tinha sido previamente autorizada pelo relator.

– É que nesse caso houve autorização do relator – declarou Zanin.

Moraes reforçou que sempre concede apartes em seus votos, enquanto Fux reiterou que, no seu caso, não abriria espaço para intervenções:

– Mas eu não vou conceder com a proposta que nós combinamos lá na sala, porque o voto é muito extenso e a gente perde o fio da meada, principalmente quando eventualmente se apresentar uma discordância – rebateu Fux.

Moraes então respondeu:

– Mas esse aparte foi pedido a mim, não a Vossa Excelência – completou.

No fim, Dino encerrou o impasse com ironia:

– Eu não pedirei a palavra para Vossa Excelência. Pode dormir em paz – disse, em tom sarcástico.