Em entrevista ao The New York Times, Lula exalta STF por condenar Bolsonaro e manda recado a Trump: “Não é caça às bruxas”
Em tom de recado direto ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Lula afirmou que a decisão “não é uma caça às bruxas” e aproveitou para rebater críticas da Casa Branca em relação ao tarifão aplicado contra o Brasil em agosto, alegando que democracia e soberania “não estão em negociação”.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) publicou neste domingo (14/9) um artigo no jornal The New York Times onde exaltou o Supremo Tribunal Federal (STF) pela “decisão histórica” que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros aliados por suposta tentativa de golpe de Estado.
Em tom de recado direto ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Lula afirmou que a decisão “não é uma caça às bruxas” e aproveitou para rebater críticas da Casa Branca em relação ao tarifão aplicado contra o Brasil em agosto, alegando que democracia e soberania “não estão em negociação”.
“Estou orgulhoso da Suprema Corte brasileira pela decisão histórica da última quinta-feira, que protege as nossas instituições e o estado democrático de direito. Isso não foi uma ‘caça às bruxas’”, escreveu Lula, defendendo o julgamento que resultou em uma pena de 27 anos e três meses de prisão a Bolsonaro. Além dele, nomes de confiança do ex-presidente também foram condenados, como os ex-ministros Paulo Sérgio Nogueira, Braga Neto, Anderson Torres, Augusto Heleno, além do ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem e do ex-ajudante de ordens Mauro Cid.
Lula ainda contra-atacou as acusações de Washington de que o governo brasileiro estaria perseguindo bigtechs e impondo restrições ao setor tecnológico. Segundo ele, “as plataformas que atuam no país devem se adequar à legislação local como qualquer outra empresa”. Sobre o Pix, Lula exaltou o sistema do Banco Central como ferramenta de “inclusão econômica de milhares de pessoas e empresas”.
No trecho direcionado a Trump, Lula tentou amenizar o tom:
“Presidente Trump, continuamos abertos a negociar qualquer coisa que possa trazer benefícios mútuos. No entanto, a democracia e soberania brasileiras não estão na mesa. Durante o seu primeiro discurso na Assembleia Geral da ONU em 2017, disse que ‘nações soberanas permitem que países diversos com diferentes valores, diferentes culturas e diferentes sonhos não só coexistem, mas trabalham lado a lado com base no respeito mútuo’. É assim que eu enxergo a relação entre o Brasil e os Estados Unidos: duas grandes nações capazes de respeitar uma à outra e cooperando pelo bem dos brasileiros e dos norte-americanos”, concluiu.
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