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Barroso rompe o silêncio e quase chora ao falar sobre as sanções de Trump

O ministro usou o início da sessão plenária para atacar a posição do governo do presidente Donald Trump, que aplicou sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros como resposta às ações do STF.

Barroso rompe o silêncio e quase chora ao falar sobre as sanções de Trump
Barroso rompe o silêncio e quase chora ao falar sobre as sanções de Trump (Foto: Reprodução)

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, voltou a se pronunciar nesta quarta-feira (17), após a decisão dos Estados Unidos de aplicar sanções contra ministros da Corte por causa do julgamento que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus. Para Barroso, “é injusto punir ministros que, com coragem e independência, cumpriram o seu papel”.

O ministro usou o início da sessão plenária para atacar a posição do governo do presidente Donald Trump, que aplicou sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros como resposta às ações do STF.

– “É simplesmente injusto punir o país, seus trabalhadores e suas empresas por uma decisão amplamente baseada em provas, comprometendo suas empresas e seus trabalhadores. Também é injusto punir ministros que, com coragem e independência, cumpriram o seu papel. No Brasil, a quase totalidade da sociedade reconhece que houve uma tentativa de golpe e que é importante julgar seus responsáveis” – declarou Barroso.

Em tom de defesa, ele negou que o Supremo esteja perseguindo Bolsonaro e a direita, chamando de infundadas as acusações de “caça às bruxas”.

– “Nenhuma decisão do Supremo Tribunal Federal brasileiro tem pretensão de alcance extraterritorial. Nós só cuidamos do nosso jardim. Mas, sobretudo, não existe caça às bruxas ou perseguições políticas. Tudo o que foi feito baseou-se em provas, evidências exibidas publicamente” – afirmou.

Barroso ainda afirmou que existia um “plano para assassinar o presidente da República e o ministro Alexandre de Moraes”, mencionou uma “minuta golpista” e até um discurso “pós-golpe” que teria sido preparado para Bolsonaro. Apesar das críticas de censura, ele tentou sustentar que no Brasil “vigora a mais plena liberdade de expressão”.

– “Eu sou uma pessoa que leio de tudo. E recebo diariamente, de veículos de imprensa e de blogs, as críticas mais ácidas ao governo, ao Congresso e, sobretudo, ao Supremo Tribunal Federal. Muitas delas grosseiras e ofensivas. Todos esses veículos continuam no ar, sem qualquer abalo. Lê quem quer, acredita quem quer” – disse o ministro.

Barroso iniciou seu pronunciamento destacando suas ligações com os Estados Unidos, onde estudou e trabalhou em diversas instituições.

– “Como é público e notório, vivi, estudei e trabalhei nos Estados Unidos em épocas diferentes da minha vida. Na adolescência, fiz intercâmbio em Michigan com uma adorável família de quem sou amigo até hoje. Gente simples, tradicional, conservadora. Eu julgo as pessoas pelo caráter, não pela ideologia” – afirmou.

Ele também mencionou seu mestrado em Yale, pós-doutorado em Harvard e atuação como professor na Kennedy School desde 2018.

– “Faço essa breve descrição para deixar documentado que todos os meus sentimentos em relação ao país são bons: tenho ligações acadêmicas lá, tenho amigos queridos, admiro pessoas e instituições” – completou.


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