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Padilha cancela ida aos EUA após restrições impostas pelo governo Trump

Entre as limitações impostas, o ministro só poderia circular dentro de um raio de cinco quarteirões em Nova Iorque, restrito ao hotel, à sede da ONU e à missão diplomática brasileira. Para sair dessa área, precisaria pedir autorização ao governo americano com pelo menos 48 horas de antecedência.

Padilha cancela ida aos EUA após restrições impostas pelo governo Trump
Padilha cancela ida aos EUA após restrições impostas pelo governo Trump (Foto: Reprodução)

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou nesta sexta-feira (19) que desistiu de viajar aos Estados Unidos. Segundo ele, as restrições impostas pelo governo americano tornaram impossível sua participação na Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque, além de comprometer encontros oficiais que estavam previstos para a próxima semana.

Padilha classificou as exigências como “inaceitáveis” e ressaltou que a medida não atinge sua figura pessoal, mas o cargo que exerce em nome do Brasil. Ele explicou que seria impedido de participar de uma reunião essencial da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), em Washington, além de compromissos bilaterais fora do ambiente da ONU.

Entre as limitações impostas, o ministro só poderia circular dentro de um raio de cinco quarteirões em Nova Iorque, restrito ao hotel, à sede da ONU e à missão diplomática brasileira. Para sair dessa área, precisaria pedir autorização ao governo americano com pelo menos 48 horas de antecedência. Outro bloqueio foi a proibição de deslocamento até Washington, o que automaticamente o excluiu da agenda da Opas.

As restrições incluíam ainda uma vigilância rígida: Padilha poderia se mover apenas entre o aeroporto, o hotel e os locais das reuniões, além de circular nos arredores da residência oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

– “Inaceitável as condições, porque eu sou o ministro da Saúde do Brasil. Quando vou para um evento como esse, tenho que ter plena possibilidade de participar do conjunto das atividades” – declarou Padilha em entrevista à GloboNews.

Vale lembrar que restrições como essas já foram aplicadas em outros momentos da diplomacia internacional, sobretudo em países que enfrentam atritos políticos com os Estados Unidos. A história da ONU em Nova Iorque é marcada por episódios de tensões semelhantes: em 1988, por exemplo, o então líder palestino Yasser Arafat foi impedido de entrar nos EUA para discursar, o que forçou a transferência da sessão da ONU para Genebra.

Assim, o caso de Padilha reacende o debate sobre como restrições diplomáticas podem ultrapassar o limite pessoal e atingir diretamente a representatividade de um país em organismos multilaterais.


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