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PF concluiu que Carla Zambelli não coagiu e nem obstruiu justiça

O inquérito foi aberto em junho, após Zambelli deixar o Brasil rumo à Itália, logo depois de ser condenada pelo STF a dez anos de prisão. O motivo da condenação foi sua suposta participação intelectual na invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2023.

PF concluiu que Carla Zambelli não coagiu e nem obstruiu justiça
PF concluiu que Carla Zambelli não coagiu e nem obstruiu justiça (Foto: Reprodução)

Na última sexta-feira (19), a Polícia Federal entregou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), um relatório que muda o rumo da investigação contra a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). O documento afirma que a parlamentar não colocou em prática ações concretas para coagir a Corte, como vinha sendo acusado.

O inquérito foi aberto em junho, após Zambelli deixar o Brasil rumo à Itália, logo depois de ser condenada pelo STF a dez anos de prisão. O motivo da condenação foi sua suposta participação intelectual na invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2023. O ato teria sido executado pelo hacker Walter Delgatti, que confirmou ter agido sob orientação da deputada.

Moraes, ao abrir a investigação, usou publicações da parlamentar nas redes sociais como indícios de que ela poderia repetir o “mesmo modus operandi” de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que atualmente está nos Estados Unidos, para a “prática de condutas ilícitas”. Antes de ser presa na Itália, Zambelli chegou a viajar também aos EUA, de onde fez críticas abertas a Moraes em suas redes.

No entanto, a delegada responsável pelo caso deixou claro que as falas de Zambelli não se materializaram em ações reais:

– “Embora a intenção de frustrar a aplicação da lei penal tenha sido verbalizada, o comportamento de Carla Zambelli, salvo melhor juízo, não ultrapassou o campo da retórica, inexistindo prova de efetivo êxito na adoção de expedientes, contatos, articulações ou providências aptas a comprometer o regular andamento de ação penal” – diz o relatório.

Agora, o relatório está nas mãos de Moraes. Ele poderá arquivar o inquérito, mandar a PF aprofundar as investigações ou transferir o caso para a Procuradoria-Geral da República (PGR).

A fuga e a extradição

Carla Zambelli, que possui dupla cidadania, deixou o Brasil em maio. Pouco tempo depois, foi localizada na Itália. O governo brasileiro, então, oficializou um pedido de extradição, encaminhado pelo Itamaraty em 11 de junho. Vale lembrar que, historicamente, pedidos de extradição costumam gerar atritos diplomáticos. Um exemplo clássico é o caso de Cesare Battisti, que durante anos gerou debate entre Brasil e Itália.

Assim como Battisti, Zambelli hoje é peça central em uma disputa internacional que mistura política, justiça e interesses diplomáticos. Enquanto isso, muitos conservadores veem nela uma voz perseguida por ter enfrentado o poder de Alexandre de Moraes.


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