Temer fala em “repensar” anistia após recentes sanções dos EUA

A fala veio logo depois das duras sanções impostas pelos Estados Unidos contra brasileiros ligados ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Entre os atingidos está Viviane Barci, esposa do magistrado, além de uma empresa pertencente à família do ministro.

O ex-presidente Michel Temer (MDB) surpreendeu nesta segunda-feira (22) ao dizer que o projeto que buscava reduzir as penas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de patriotas envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023 precisa ser “repensado”. A fala veio logo depois das duras sanções impostas pelos Estados Unidos contra brasileiros ligados ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Entre os atingidos está Viviane Barci, esposa do magistrado, além de uma empresa pertencente à família do ministro.

Temer não poupou palavras: “Realmente, esse último gesto foi bastante agressivo. Modifica um pouco as coisas. Da forma como o Paulinho da Força, deputado federal, e o presidente da Câmara Hugo Motta estavam conduzindo, as coisas estavam fluindo, caminhando bem. Acho que, neste momento, é preciso repensar um pouco”, afirmou em entrevista à GloboNews, durante um evento com investidores em São Paulo.

A punição contra Viviane Barci veio por meio da Lei Magnitsky — uma legislação internacional aprovada em 2016 nos EUA que permite punir estrangeiros acusados de corrupção ou violações de direitos humanos. O detalhe é que, sob a presidência de Donald Trump, essa lei vem sendo aplicada com muito mais rigor. Para muitos analistas, trata-se de um recado claro à atuação autoritária de Moraes e seus aliados.

Temer, que atua como conselheiro político de Paulinho da Força (Solidariedade-SP), já havia admitido à jornalista Malu Gaspar que seria necessário “repensar tudo de novo”. Ele reforçou que ainda “não saberia dizer neste momento” qual será o melhor caminho, mas deixou claro que, se for chamado, “dará palpites”.

Na quinta-feira (18), o ex-presidente esteve em uma reunião com os deputados Aécio Neves (PSDB) e Paulinho da Força para tratar do projeto que poderia beneficiar os condenados por envolvimento em uma suposta tentativa de golpe e nos atos de 8 de janeiro. Agora, com o endurecimento de Washington, o jogo político ganha novos contornos e a pressão internacional sobre Moraes aumenta, abrindo espaço para discussões inéditas no Congresso brasileiro.