CPMI decreta prisão em flagrante de sócio do "careca do INSS"
A Polícia Legislativa agiu de imediato e cumpriu a ordem.
															Após mais de sete horas de reunião nesta segunda-feira (22), a CPMI do INSS viveu um momento histórico. O presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), determinou a prisão em flagrante do economista Rubens Oliveira Costa, acusado de falso testemunho e suspeito de envolvimento em um esquema que saqueava aposentados e pensionistas. A Polícia Legislativa agiu de imediato e cumpriu a ordem.
Mais cedo, o relator Alfredo Gaspar (União-AL) já havia pedido a prisão, mostrando que Costa atuava em várias empresas ligadas ao esquema de Antônio Carlos Camilo Antunes, o temido “Careca do INSS”.
Gaspar foi duro: “Esta CPMI não vai ser o local para a impunidade, se ele é laranja pouco me importa. Derrubando uma laranja podre, a gente termina alcançando o bicho que está apodrecendo as laranjas.” Ele destacou que Costa ajudava a esconder documentos e seguia articulando com outros investigados, o que justificava a prisão preventiva.
Mesmo questionado por quase 30 parlamentares, Costa se esquivou graças a um habeas corpus concedido pelo STF, lembrando a velha crítica de que decisões da Suprema Corte acabam blindando investigados.
O senador Izalci Lucas (PL-DF) não poupou ironia: achava “estranho” que alguém movimentasse milhões em 2023 e 2024 sem desconfiar de nada. Rogério Marinho (PL-RN) reforçou que era “absolutamente inverossímil” acreditar na versão de Costa.
Em resposta ao deputado Zé Trovão (PL-SC), o economista admitiu ter entregado R$ 949 mil em dinheiro vivo a Camilo Antunes, mas negou que parlamentares tenham recebido propina. Curiosidade: operações em espécie acima de R$ 50 mil já chamam atenção do COAF, órgão de inteligência financeira que monitora lavagem de dinheiro.
O vice-presidente da CPMI, Duarte Jr. (PSB-MA), também pediu a prisão: “Rubens ajudou a roubar aposentados por todo o Brasil. Nós não podemos aceitar que brinque com a cara dos pensionistas e ainda venha aqui mentir com a maior cara lavada.”
O senador Sergio Moro (União-AL) destacou que o depoente trabalhava para empresas de fachada usadas para lavagem de dinheiro: “Há simulação de serviços para aplicar estelionato contra aposentados e pensionistas com fraudes em série.”
A CPMI ainda discutiu a convocação de ex-assessores de senadores citados no escândalo, mostrando que o fio da meada pode levar muito mais longe. Entre eles, Gustavo Marques Gaspar, ligado ao senador Weverton (PDT-MA), e Paulo Augusto Boudens, ligado a Davi Alcolumbre (União-AP).
Costa ainda revelou que já foi alvo de busca e apreensão da Polícia Federal e teve cerca de R$ 300 mil bloqueados pela Justiça. Mas se recusou a esclarecer se tinha relação com ex-ministros, dirigentes do INSS ou políticos graúdos.
Esse episódio mostra que, quando há pressão popular e vigilância, o sistema não consegue proteger todos os seus aliados. Como já dizia Cícero, filósofo romano: “A verdade se corrompe tanto com a mentira quanto com o silêncio.”
        
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