Celso Sabino abandona governo Lula após ordem dura do União Brasil

O estopim veio na última quinta-feira (18), quando a sigla emitiu um ultimato: todos os filiados que ocupassem cargos no governo petista deveriam se desligar em até 24 horas, “sob pena de prática de ato de infidelidade partidária”. O documento foi assinado pelo presidente nacional do partido, Antônio Rueda, que busca reforçar a unidade e a disciplina interna da legenda.

O ministro do Turismo, Celso Sabino, confirmou nesta sexta-feira (26) sua saída do governo Lula (PT), atendendo a uma determinação clara do União Brasil, partido ao qual é filiado. A decisão já havia sido amadurecida e foi comunicada ao próprio presidente na semana anterior.

O estopim veio na última quinta-feira (18), quando a sigla emitiu um ultimato: todos os filiados que ocupassem cargos no governo petista deveriam se desligar em até 24 horas, “sob pena de prática de ato de infidelidade partidária”. O documento foi assinado pelo presidente nacional do partido, Antônio Rueda, que busca reforçar a unidade e a disciplina interna da legenda.

Com a saída de Sabino, Lula perde o último ministro do União Brasil em sua gestão. Isso amplia o isolamento político do governo, que já vinha enfrentando dificuldades em manter aliados fiéis no Congresso. Vale lembrar que o União nasceu da fusão entre PSL e DEM, dois partidos que historicamente representaram pautas mais à direita — e cuja convivência com o PT sempre foi difícil.

Natural de Belém, Celso Sabino construiu sua carreira política ao longo de diferentes partidos. Antes de assumir o Ministério do Turismo, estava em seu segundo mandato consecutivo como deputado federal. Sua trajetória inclui passagens pelo Progressistas (PP), pelo Partido da República (PR, hoje PL), além de ter integrado o PSDB e o PSL — este último, ironicamente, foi o partido que lançou Jair Bolsonaro à Presidência em 2018, antes da fusão que originou o União Brasil.

Um detalhe curioso: antes de mergulhar na vida pública, entre 2001 e 2009, Sabino já tinha forte ligação com a política local no Pará, sendo considerado um quadro técnico de destaque. Sua presença no Ministério do Turismo era vista por muitos como uma tentativa do governo Lula de se aproximar de alas mais independentes do Congresso.

Agora, a saída de Sabino escancara uma realidade: Lula perde cada vez mais espaço entre partidos que buscam preservar sua identidade e não se deixar cooptar pelo projeto petista. Para muitos analistas, essa movimentação reflete um movimento maior de reconfiguração do poder em Brasília, especialmente com o fortalecimento da direita no cenário político, impulsionada pelo atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que inspira lideranças conservadoras mundo afora.