Novo governo da França cai 14 horas após ser anunciado
Macron, com popularidade abaixo de 20%, está isolado. Qualquer novo premiê enfrentará a mesma paralisia parlamentar.
 
															Novo governo da França cai 14 horas após ser anunciadoO primeiro-ministro da França, Sébastien Lecornu, renunciou nesta segunda, 6, apenas 14 horas após anunciar seu gabinete.
A saída repentina, confirmada pelo Palácio do Eliseu, mergulha o país em nova crise política e marca o governo mais curto da história moderna francesa. Lecornu era o quinto primeiro-ministro de Emmanuel Macron em menos de dois anos.
O gabinete caiu antes mesmo de realizar sua primeira reunião.
Macron aceitou a renúncia “após consultas” e ainda não definiu o próximo chefe de governo. A decisão surpreendeu até aliados, que esperavam uma tentativa de sobrevivência parlamentar.
A demissão ocorreu sob intensa pressão. Partidos de direita e de esquerda haviam prometido votar contra o novo governo.
O impasse refletiu a fragmentação política desde as eleições de 2024, quando Macron perdeu a maioria na Assembleia Nacional. O colapso reacendeu pedidos por novas eleições. O líder da Reunião Nacional, Jordan Bardella, exigiu a dissolução do parlamento.
A deputada Mathilde Panot, da França Insubmissa, disse que “três primeiros-ministros em menos de um ano” provam que “Macron deve ir embora”. O Palácio do Eliseu não respondeu às declarações. A reação dos mercados foi imediata. O índice CAC 40 caiu 2%, liderado pelas perdas de BNP Paribas, Société Générale e Crédit Agricole, que despencaram até 7%. O euro recuou 0,7% para US$ 1,1665, refletindo a preocupação com a governabilidade da segunda maior economia da zona do euro.
A França enfrenta déficit público acima de 5% do PIB e dívida de 114% da renda nacional, a maior da União Europeia em termos absolutos. O impasse político aumenta o risco de rebaixamento da nota de crédito do país, já alertado por agências internacionais.
Macron, com popularidade abaixo de 20%, está isolado. Qualquer novo premiê enfrentará a mesma paralisia parlamentar.
Convocar novas eleições pode fortalecer ainda mais a extrema-direita de Marine Le Pen, enquanto manter o atual arranjo prolonga o bloqueio político.
A instabilidade desafia o sistema da Quinta República, criado em 1958 para garantir estabilidade presidencial. A França parece incapaz de formar coalizões duradouras, algo comum em outras democracias europei
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