Barroso anuncia saída do STF e abre espaço para indicação de Lula
Em tom de despedida, Barroso afirmou ter enfrentado “dificuldades pessoais” ao longo da trajetória na Corte, mas garantiu que “nada disso me afastou de dar o melhor de mim”.
O ministro Luís Roberto Barroso anunciou oficialmente, nesta quinta-feira (9), sua saída do Supremo Tribunal Federal (STF). O comunicado veio após meses de especulações sobre sua possível renúncia ao cargo, especialmente depois de encerrar seu mandato como presidente da Corte em 29 de setembro, quando Edson Fachin assumiu o comando do STF para o próximo biênio.
Barroso informou que permanecerá apenas alguns dias para concluir pedidos de vista e resolver pendências administrativas, mas que sua participação nas sessões já chegou ao fim. “Essa é a última sessão plenária de que participo”, declarou o ministro, emocionado, durante a reunião do plenário. Em seguida, leu uma carta de despedida: “Por 12 anos ocupei o cargo de ministro do STF, sendo presidente nos últimos 2 anos. Foram tempos de imensa dedicação à causa da justiça e da democracia. A vida me proporcionou a benção de servir ao país”.
Em tom de despedida, Barroso afirmou ter enfrentado “dificuldades pessoais” ao longo da trajetória na Corte, mas garantiu que “nada disso me afastou de dar o melhor de mim”. Disse ainda: “Sinto que agora é hora de seguir outros rumos. Nem sequer os tenho bem definidos, mas não tenho qualquer apego ao poder”. E completou: “Os sacrifícios e ônus da nossa profissão acabam se transferindo aos nossos familiares e pessoas queridas. Gostaria de me despedir com uma breve reflexão: reafirmo minha fé nas pessoas”.
A movimentação política por trás da saída
A saída de Barroso abre espaço para uma nova indicação de Lula, que já nomeou dois ministros neste mandato. Com essa terceira vaga, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá reforçado ainda mais sua influência sobre o STF — algo que preocupa muitos setores conservadores que defendem o equilíbrio entre os Poderes.
Barroso, que tem 67 anos, deixa o STF por vontade própria, mesmo ainda distante da aposentadoria compulsória, que ocorre aos 75. Fontes próximas ao ministro afirmam que a decisão, embora planejada há tempos, foi acelerada pela tensão diplomática entre o Brasil e os Estados Unidos, especialmente após recentes declarações polêmicas envolvendo figuras do governo brasileiro e o presidente norte-americano Donald Trump.
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