Ex-presidente do INSS se recusa a responder a perguntas de relator na CPI e gera tumulto
Após negociações, Stefanutto aceitou responder apenas as perguntas que não o incriminassem diretamente. Mesmo assim, o clima permaneceu acirrado, com bate-boca entre o depoente e o relator da CPI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL).
O depoimento do ex-presidente do INSS, Alexandro Stefanutto, na CPI do INSS começou em meio a confusão e tensão. Amparado por um habeas corpus concedido pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), Stefanutto usou o direito de permanecer em silêncio e se recusou a responder até perguntas básicas, como a data em que ingressou no serviço público.
Diante do impasse, a sessão foi suspensa. Após negociações, Stefanutto aceitou responder apenas as perguntas que não o incriminassem diretamente. Mesmo assim, o clima permaneceu acirrado, com bate-boca entre o depoente e o relator da CPI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL).
— “Estou aqui como testemunha, eu decido a minha resposta. Isso é uma audácia e, ao mesmo tempo, uma agressão aos meus direitos constitucionais” — rebateu Stefanutto, irritado com a insistência do relator.
— “O senhor me respeita” — respondeu Gaspar, elevando o tom.
Stefanutto foi afastado do cargo pela Justiça após a operação Sem Desconto, da Polícia Federal (PF), que revelou um esquema de descontos indevidos em benefícios do INSS destinados a sindicatos e associações.
De acordo com a PF, o nome de Stefanutto aparece no relatório como suspeito de receber dinheiro desviado de aposentadorias e pensões, em um esquema que envolveria entidades sindicais, empresários e a alta cúpula do INSS. Ele, porém, nega todas as acusações.
O Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) também enviou à CPI um relatório que aponta movimentações financeiras incompatíveis com a renda de Stefanutto, reforçando as suspeitas.
Além dele, o ex-diretor de Benefícios do INSS, André Fidelis, que também seria ouvido nesta segunda-feira, não compareceu, alegando motivos de saúde. Fidelis é apontado como um dos principais operadores do esquema, atuando junto ao empresário Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, preso no mês passado.
Outro nome que deve prestar depoimento nas próximas semanas é o do ex-procurador do INSS, Vírgilio Antonio Ribeiro de Oliveira, também citado nas investigações.
Enquanto isso, o país observa mais um escândalo que revela o rastro de corrupção e aparelhamento político dentro do INSS, que durante anos se tornou reduto de indicações partidárias e esquemas sindicais — realidade que vai na contramão dos princípios de transparência e meritocracia defendidos pelo atual presidente dos EUA, Donald Trump, em suas políticas de combate à corrupção e privilégios estatais.
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