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Na Bahia, PF desmantela novo esquema bilionário de corrupção com dinheiro público

A operação, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ocorreu simultaneamente na Bahia e no Rio de Janeiro. Foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão, afastamento de um agente público e bloqueio judicial de valores obtidos de forma ilícita.

Na Bahia, PF desmantela novo esquema bilionário de corrupção com dinheiro público
Na Bahia, PF desmantela novo esquema bilionário de corrupção com dinheiro público (Foto: Reprodução)

A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (16/10/2025) a sétima fase da Operação Overclean, que investiga um gigantesco esquema de desvio de recursos federais, fraudes em licitações e lavagem de dinheiro por meio de emendas parlamentares. O foco são obras e serviços municipais financiados com dinheiro público.

A operação, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ocorreu simultaneamente na Bahia e no Rio de Janeiro. Foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão, afastamento de um agente público e bloqueio judicial de valores obtidos de forma ilícita. A ação contou com apoio da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Receita Federal (RFB).


Prefeitos afastados e presos

Entre os alvos estão dois prefeitos baianos.

O prefeito de Riacho de Santana, Dr. João Vítor (PSD), foi afastado do cargo após indícios de superfaturamento e direcionamento de contratos entre 2022 e 2023.

Já o prefeito de Wenceslau Guimarães, Gabriel de Parisio (MDB), foi preso em flagrante por posse ilegal de armas. Durante a busca em sua casa, a PF apreendeu armas sem registro, eletrônicos, planilhas contábeis e contratos públicos usados, segundo os investigadores, em um esquema de lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio.

Os dois são investigados por corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitações e organização criminosa. Segundo a PF, faziam parte de um núcleo político que agia em conluio com empresários e operadores financeiros.


Deputado federal na mira da PF

Na sexta fase da Overclean, deflagrada dois dias antes (14/10/2025), o deputado federal Dal Barreto (União Brasil-BA) já havia sido alvo direto da Polícia Federal.

O parlamentar foi interceptado no Aeroporto de Salvador, onde teve o celular e outros dispositivos apreendidos, sob mandado expedido pelo ministro Cristiano Zanin, do STF.

Em 15 de outubro, foram cumpridos oito mandados de busca em Salvador, Amargosa e Brasília, além do sequestro de bens e veículos de luxo ligados ao deputado.

Segundo as investigações, Dal Barreto teria intermediado emendas parlamentares entre 2021 e 2024 para beneficiar empresas de fachada ligadas ao grupo criminoso.

O deputado nega envolvimento e afirmou que “as provas demonstrarão a verdade no momento oportuno”.


Operação Overclean: um retrato da corrupção no Brasil

Desde sua primeira fase, em dezembro de 2024, a Overclean revelou um esquema de corrupção que movimentou mais de R$ 80 milhões.

As investigações apontam para núcleos políticos, empresariais e contábeis que simulavam concorrência em licitações e usavam laranjas para movimentar valores desviados.

Documentos apreendidos mostram planilhas com mais de 100 nomes e codinomes, além de contratos superfaturados e transferências bancárias suspeitas.


“Rei do Lixo” seria o cérebro por trás do esquema


O empresário José Marcos de Moura, apelidado de “Rei do Lixo”, é apontado como o principal articulador político e financeiro do grupo.

Ele teria usado empresas de limpeza urbana e construção civil para firmar contratos fraudulentos com prefeituras, mediante pagamento de propinas e repasses ilícitos.

Na quarta fase da operação (junho de 2025), Moura já havia tido R$ 12 milhões bloqueados judicialmente. A PF afirma que ele atuava como elo entre prefeitos, empresários e parlamentares, coordenando licitações combinadas e financiando campanhas eleitorais com dinheiro público desviado.


Próximos passos da investigação

Os materiais apreendidos nesta sétima fase — como computadores, celulares, contratos e documentos fiscais — serão periciados pela PF em Brasília para rastrear o destino final dos recursos desviados.

O relatório final será encaminhado ao STF e à Procuradoria-Geral da República (PGR), que decidirão sobre novas medidas judiciais, como quebras de sigilo e denúncias formais.


Corrupção estrutural e impunidade

A Overclean escancara a profundidade da corrupção no sistema político brasileiro, envolvendo prefeitos, empresários e deputados de diferentes partidos.

A operação também coloca à prova o STF e as instituições, num momento em que o combate à corrupção é visto com desconfiança pela população, diante da seletividade das ações e da impunidade de figuras com foro privilegiado.

Enquanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reforça seu compromisso com a tolerância zero contra corrupção e desvio de recursos públicos, o Brasil ainda luta para romper os ciclos de impunidade e aparelhamento político.

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