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Justiça cassa mandatos de vereadores do PT em Goiânia por suposta fraude na cota de gênero

A decisão foi assinada pela juíza Mariuccia Benício Soares Miguel, da 2ª Zona Eleitoral de Goiânia, e publicada nesta sexta-feira (17). Segundo a magistrada, o PV teria lançado candidaturas femininas fictícias nas eleições municipais de 2024 apenas para cumprir a exigência legal de 30% de mulheres nas chapas.

Justiça cassa mandatos de vereadores do PT em Goiânia por suposta fraude na cota de gênero
Justiça cassa mandatos de vereadores do PT em Goiânia por suposta fraude na cota de gênero (Foto: Reprodução)

A Justiça Eleitoral de Goiás derrubou os mandatos dos vereadores Edward Madureira, Fabrício Rosa e Kátia Maria, todos do Partido dos Trabalhadores (PT), após comprovar fraude na cota de gênero dentro do Partido Verde (PV) — sigla que integra a Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV).


A decisão foi assinada pela juíza Mariuccia Benício Soares Miguel, da 2ª Zona Eleitoral de Goiânia, e publicada nesta sexta-feira (17). Segundo a magistrada, o PV teria lançado candidaturas femininas fictícias nas eleições municipais de 2024 apenas para cumprir a exigência legal de 30% de mulheres nas chapas.

As supostas candidatas “laranjas” seriam Bianca Machado de Sá Mesquita, Ana Carolina Campos Rodrigues e Eva Aparecida Moreira Moura do Nascimento. Todas tiveram votações insignificantes (14, 29 e 35 votos), apresentaram contas de campanha padronizadas e não comprovaram participação efetiva em atividades eleitorais.

A juíza destacou ainda contratação de familiares, ausência de impulsionamento em redes sociais e uso semelhante de recursos entre as três, o que, segundo ela, “indicaria a simulação das disputas”.

“Todavia, não restou comprovada a participação efetiva das candidatas Bianca, Ana Carolina e Eva Aparecida, seja em atos próprios de campanha, seja em atos de campanha da candidata Adriana Accorsi, desde que também em seu próprio favor”, escreveu a magistrada.

Com base na Súmula 73 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Mariuccia determinou a cassação do Demonstrativo de Regularidade de Atos Partidários (DRAP) da Federação, a anulação dos votos e, por consequência, a perda dos mandatos dos três parlamentares do PT. Uma recontagem dos votos será feita para redistribuir as cadeiras na Câmara.


Curiosamente, o Ministério Público Eleitoral havia se manifestado contra a cassação, mas a Justiça entendeu que as provas eram suficientes para demonstrar a fraude na cota de gênero.

O presidente do PV, Cristiano Cunha, afirmou que a Federação vai recorrer e defendeu a legitimidade das candidaturas:

“A federação vai recorrer, é natural. Teve depoimentos das mulheres e o sistema de prestação de contas é padronizado, porque é feito pelo sistema. Então não sei o porquê a juíza usou isso como embasamento. (...) As mulheres foram candidatas de verdade, com material de campanha, redes sociais e participação em atos. Não existe histórico de candidatura fictícia no PV. Pelo contrário, o partido sempre combateu isso.”

O advogado do PT, Ediberto Dias, também tentou minimizar a decisão:


“As mulheres fizeram campanha e prestaram contas que foram aprovadas. Elas fizeram propaganda partidária, tiveram material de campanha, contrataram cabos eleitorais. O MPE foi favorável.”

A cassação atinge em cheio a federação de esquerda liderada pelo PT, partido que há anos tenta se colocar como defensor da “representatividade feminina”, mas que agora enfrenta mais um escândalo eleitoral em suas fileiras.

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