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Lula provoca, e Trump promete “condições” duras para rever tarifas contra o Brasil

A declaração do presidente norte-americano veio logo após Lula discursar ao lado do premiê da Malásia, Anwar Ibrahim. No discurso, o petista lançou indiretas a Trump, defendendo o multilateralismo, criticando “quem se opõe às medidas de combate às mudanças climáticas” e reclamando que “muita gente não está respeitando o Acordo de Paris” — acordo do qual Trump sempre se mostrou ferrenho opositor.

Lula provoca, e Trump promete “condições” duras para rever tarifas contra o Brasil
Lula provoca, e Trump promete “condições” duras para rever tarifas contra o Brasil (Foto: Reprodução)

Se nada mudar de última hora, o encontro entre Lula e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve ocorrer na tarde deste domingo (26), no horário da Malásia — que está 11 horas à frente de Brasília. A reunião promete ser tensa: os dois devem discutir o tarifaço e as sanções impostas pela Casa Branca a autoridades brasileiras.

Lula, que há tempos faz questão de se colocar como antagonista de Trump no cenário internacional, já avisou que pretende ser “franco” no diálogo. O petista chegou a declarar que ambos precisam estar dispostos a “ouvir o que não querem”.

Trump, por sua vez, sinalizou que pode rever as tarifas sobre produtos brasileiros, mas “sob as condições certas”. A fala do líder americano foi feita durante conversa com jornalistas no Air Force One, a caminho da Ásia, e demonstra que ele pretende colocar exigências claras sobre a mesa — o que pode frustrar qualquer tentativa de trégua nessa que já é uma das maiores crises diplomáticas entre Brasil e EUA em dois séculos.

A declaração do presidente norte-americano veio logo após Lula discursar ao lado do premiê da Malásia, Anwar Ibrahim. No discurso, o petista lançou indiretas a Trump, defendendo o multilateralismo, criticando “quem se opõe às medidas de combate às mudanças climáticas” e reclamando que “muita gente não está respeitando o Acordo de Paris” — acordo do qual Trump sempre se mostrou ferrenho opositor.

Sem citar nomes, Lula também afirmou que o mundo sofre com a falta de líderes fortes:

“Um dos problemas que o mundo tem hoje é a ausência de lideranças. E, na ausência de lideranças, tudo que é de pior pode acontecer.”

Em outro momento, ao defender que governar exige olhar para os mais pobres, o petista alfinetou novamente:


“Para um governante, andar de cabeça erguida é mais importante que um Prêmio Nobel.”


A frase é vista como uma provocação direta a Trump, que há anos expressa o desejo de receber o Prêmio Nobel da Paz — honraria que, neste ano, acabou sendo concedida à venezuelana María Corina Machado, líder da oposição ao regime de Maduro.

O discurso de Lula ocorreu na residência oficial do premiê Anwar Ibrahim, em Putrajaya, cidade próxima à capital Kuala Lumpur, durante sua visita de Estado à Malásia, antes da 47ª Cúpula da ASEAN. O petista, como de costume, deixou de lado o texto oficial e preferiu improvisar.

Enquanto isso, Trump se prepara para chegar à mesma cúpula, onde participará como convidado especial. A expectativa é grande: a conversa entre os dois líderes pode definir os rumos da relação entre Brasília e Washington — ou acentuar ainda mais o confronto ideológico entre o governo de esquerda de Lula e a firme postura nacionalista do presidente americano.

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