Venezuela: Maduro esconde números e mergulha o país na escuridão econômica
Hoje, o salário mínimo venezuelano é de apenas 130 bolívares, o que equivale a míseros 0,60 dólares (cerca de R$ 3,22) por mês.
A Venezuela chegou neste sábado (1º) à vergonhosa marca de um ano inteiro sem divulgar dados oficiais de inflação, o que mergulhou o país num verdadeiro apagão econômico. Segundo o professor universitário Jesús Palacios, essa ausência de transparência faz com que “todos ajam às cegas” e deixa a população “desorientada” quanto ao rumo da economia.
O último dado publicado pelo Banco Central da Venezuela (BCV) foi em outubro de 2024, quando a inflação oficial era de apenas 4%. Desde então, nenhum número novo foi divulgado, impedindo que empresas e trabalhadores possam se planejar minimamente. “Sem números recentes sobre a inflação divulgados pelo BCV, é difícil negociar aumentos salariais”, alertou Palacios.
Hoje, o salário mínimo venezuelano é de apenas 130 bolívares, o que equivale a míseros 0,60 dólares (cerca de R$ 3,22) por mês. Servidores públicos chegam a receber bônus de até 160 dólares (R$ 860,18), mas sem direito a benefícios trabalhistas, o que revolta sindicatos e aumenta a pressão por um salário digno.
“Inflação em dólares”: um sintoma do colapso
Com o colapso do bolívar durante a hiperinflação de 2017 a 2021, a Venezuela adotou na prática o dólar americano como principal moeda de referência. Porém, nem isso freou a escalada de preços. O fenômeno da chamada “inflação em dólares” já virou parte da rotina.
Palacios explica que “os preços em dólares têm aumentado em comparação com anos anteriores” e que “esse fenômeno vem desde 2018, acentuando-se até 2023”. Segundo o economista, os preços chegaram a se multiplicar por cinco ou seis vezes entre 2018 e o fim de 2023.
“Estamos falando de uma inflação em dólares acima de 20% nos últimos doze meses”, destacou.
Falta de clareza e caos econômico
A combinação de salários miseráveis, inflação em dólares e ausência de dados oficiais gera o que Palacios chama de “falta de clareza e coordenação entre os agentes econômicos”. Isso destrói o poder de compra da população e esmaga o setor produtivo.
“Para as empresas, os comércios, para o produtor, é muito complexo calcular preços sem estimativas de inflação, assim como negociar com fornecedores. Isso tira uma medida de referência”, disse o professor.
Enquanto o regime de Nicolás Maduro insiste em afirmar que o país acumula “17 trimestres consecutivos de crescimento econômico”, não apresenta nenhum número concreto que sustente essa narrativa. O contraste entre o discurso oficial e a dura realidade das ruas mostra um país cada vez mais afundado no caos — uma economia sem rumo, onde a mentira virou política de Estado.
Comentários (0)