Presidente de confederação da pesca é preso por mentir à CPMI do INSS — e estava protegido por habeas corpus de Alexandre de Moraes
Segundo o relator, Abraão Lincoln teria faltado com a verdade ao afirmar que havia renunciado ao cargo na antiga Confederação Nacional dos Pescadores e Aquicultores (CNPA). Na realidade, ele foi afastado por decisão judicial.
Abraão Lincoln Ferreira da Cruz, presidente da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA), foi preso em flagrante nesta segunda-feira (3) após ordem do senador Carlos Viana (Podemos-MG), que preside a CPMI do INSS. A decisão ocorreu a pedido do relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), que acusou Lincoln de mentir durante seu depoimento.
Segundo o relator, Abraão Lincoln teria faltado com a verdade ao afirmar que havia renunciado ao cargo na antiga Confederação Nacional dos Pescadores e Aquicultores (CNPA). Na realidade, ele foi afastado por decisão judicial. “Mentir perante uma Comissão Parlamentar é crime, e o Congresso não pode se calar diante de tamanha afronta”, disse Gaspar.
Essa é a terceira prisão determinada pela CPMI, que investiga um gigantesco esquema de descontos ilegais em benefícios do INSS — um rombo bilionário que atinge aposentados e pensionistas em todo o país. Antes de Lincoln, já haviam sido detidos Carlos Roberto Ferreira Lopes, presidente da Conafer, e Rubens Oliveira Costa, ex-diretor ligado ao conhecido “Careca do INSS”.
A confederação de Abraão Lincoln, a CBPA, está entre as principais investigadas pela Operação Sem Desconto, da Polícia Federal, que apura fraudes em associações entre 2019 e 2024. Segundo o relator da CPMI, a entidade passou de apenas quatro cadastros em 2023 para impressionantes 757 mil em 2025, incluindo 40 mil pessoas já falecidas. Durante esse período, o grupo teria recebido R$ 221 milhões em descontos indevidos — cerca de R$ 10 milhões por mês. O mais grave: 99,5% dos supostos filiados afirmaram não reconhecer os débitos.
Apesar de ter sido convocado como testemunha, Lincoln compareceu à CPMI amparado por um habeas corpus preventivo concedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) — o que levantou questionamentos sobre a influência do magistrado em investigações de corrupção e irregularidades envolvendo recursos públicos.
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