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Lula vai à Colômbia discutir crise entre Venezuela e EUA

O encontro acontece em meio ao avanço da presença militar americana no Caribe, o que reforça o papel dos Estados Unidos na contenção do regime de Nicolás Maduro, enquanto o governo brasileiro insiste em uma posição “neutra”, vista por muitos analistas como tímida diante da escalada autoritária venezuelana.

Lula vai à Colômbia discutir crise entre Venezuela e EUA
Lula vai à Colômbia discutir crise entre Venezuela e EUA (Foto: Reprodução)

O deslocamento de tropas norte-americanas para o Caribe e o aumento da tensão entre os Estados Unidos e a Venezuela devem dominar as discussões da Cúpula Celac-União Europeia, marcada para este fim de semana em Santa Marta, na Colômbia. O encontro, porém, já enfrenta o risco de esvaziamento, principalmente pela ausência de vários líderes europeus.

Mesmo diante do cenário de incerteza, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu comparecer de última hora. O petista deve viajar na noite de sábado (8) ou na manhã de domingo (9) e retornar no mesmo dia, antes de seguir para Belém, onde abrirá a COP30 na segunda-feira (10).

A secretária para América Latina e Caribe do Itamaraty, Gisela Padovan, lamentou a falta de chefes de Estado na reunião, mas tentou minimizar o impacto político:


“Não faria leitura automática de que por ter menos gente [tem gesto político]. Reconhecemos que há polarização, dificuldades entre países, tem muitas circunstâncias, mas não é a única explicação. [Os chefes de Estado de] Argentina e Paraguai vão à posse do presidente da Bolívia, por exemplo.”


Padovan ainda completou:

“Lamento que os chefes de Estado estejam perto e não vão, mas há [outras] circunstâncias.”

Segundo ela, a reunião da Celac-UE, que ocorrerá nos dias 9 e 10 de novembro, não foi convocada por causa da tensão com a Venezuela, embora o tema deva inevitavelmente surgir.

“A reunião não foi convocada por isso, mas é natural que um tema que preocupa países da região seja tratado. Não sei se [a questão envolvendo a Venezuela] vai entrar na declaração ou não, o foco inicial é na cooperação regional, e não a questão geopolítica do mundo.”

Questionada sobre a chance de o Brasil atuar como mediador entre a Venezuela e os Estados Unidos, hoje liderados pelo presidente Donald Trump, a diplomata foi cautelosa:

“O Brasil sempre se coloca como possível interlocutor. Estamos à disposição, porque somos vizinhos relevantes, temos profundos interesses na Venezuela e temos de dialogar com todos. Mas a gente não pode fazer se não formos solicitados.”

O encontro acontece em meio ao avanço da presença militar americana no Caribe, o que reforça o papel dos Estados Unidos na contenção do regime de Nicolás Maduro, enquanto o governo brasileiro insiste em uma posição “neutra”, vista por muitos analistas como tímida diante da escalada autoritária venezuelana.

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