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BBC pede desculpas a Donald Trump por edição de discurso

A BBC também declarou que não pretende retransmitir o documentário, que havia unido trechos separados do discurso — falados com quase uma hora de intervalo — como se fossem uma fala contínua.

BBC pede desculpas a Donald Trump por edição de discurso
BBC pede desculpas a Donald Trump por edição de discurso (Foto: Reprodução)

A BBC finalmente se curvou nesta quinta-feira (13) e pediu desculpas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após ter manipulado de forma enganosa o discurso que ele fez em 6 de janeiro de 2021. Ainda assim, a emissora britânica tenta se proteger, afirmando que não houve difamação e rejeitando a possibilidade do processo de US$ 1 bilhão ameaçado pela defesa de Trump.


Segundo a própria BBC, o atual presidente da emissora, Samir Shah, enviou uma carta diretamente à Casa Branca reconhecendo que ele e a organização lamentavam a edição distorcida do discurso que Trump fez antes dos confrontos no Capitólio, no momento em que o Congresso avaliava a certificação da vitória do então candidato Joe Biden em 2020.

A BBC também declarou que não pretende retransmitir o documentário, que havia unido trechos separados do discurso — falados com quase uma hora de intervalo — como se fossem uma fala contínua.

“Reconhecemos que nossa edição, involuntariamente, criou a impressão de que estávamos exibindo uma única seção contínua do discurso, em vez de trechos de diferentes pontos, e que isso deu a impressão equivocada de que o presidente Trump havia feito um apelo direto à violência”, afirmou a emissora em sua retratação oficial. O advogado do atual presidente Donald Trump havia enviado uma carta exigindo desculpas e ameaçando o processo bilionário caso a BBC não respondesse até sexta-feira (14).

A polêmica começou após a edição do programa “Panorama”, intitulada “Trump: Uma Segunda Chance?”, exibido dias antes da eleição presidencial de 2024 nos EUA — um momento claramente sensível. A produtora que montou o material teria unido três citações de momentos distintos do discurso de 2021, fazendo parecer que Trump conclamava seus apoiadores a marchar com ele e “lutarem com todas as suas forças”.

Convenientemente, a edição deixou de fora a parte em que Trump deixou claro que queria manifestações pacíficas.

O escândalo foi tão grave que o diretor-geral da BBC, Tim Davie, e a chefe de jornalismo, Deborah Turness, renunciaram no domingo (9), admitindo que o caso estava destruindo a credibilidade da emissora. Turness afirmou que, como responsável pela área, “a responsabilidade final é minha”.


Na carta enviada pela defesa de Trump, os advogados exigiram não apenas desculpas ao presidente, mas também uma retratação “completa e justa” sobre o documentário e qualquer outro conteúdo “falso, difamatório, depreciativo, enganoso ou inflamatório” ligado ao nome do presidente.

Eles também apontaram que Trump deveria ser “devidamente” compensado pelos “impactantes danos financeiros e à sua reputação”.

Especialistas afirmam que um processo seria difícil de avançar, principalmente porque os prazos judiciais no Reino Unido já expiraram e porque o documentário não chegou a ser exibido nos EUA — o que dificultaria provar danos diretos à reputação do presidente entre os eleitores americanos.

Ainda assim, o escândalo cresceu justamente no momento em que a BBC afirma estar investigando uma matéria do Daily Telegraph, que denuncia que outra edição — desta vez do programa Newsnight, em 2022 — teria repetido exatamente o mesmo tipo de manipulação envolvendo o discurso de Trump.

Caso a disputa chegasse aos tribunais, analistas sugerem que a BBC tentaria argumentar que Trump não sofreu prejuízo — afinal, ele venceu a eleição e é novamente o presidente dos Estados Unidos desde 2024.

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