Moraes e Dino reforçam narrativa e ignoram defesa: prisão de Bolsonaro deve continuar
O primeiro a votar, Moraes, voltou a defender a prisão, alegando que Bolsonaro seria “reiterante” no descumprimento de medidas cautelares e que teria violado de forma “dolosa e conscientemente” a tornozeleira eletrônica.
O julgamento ocorre no chamado plenário virtual — método sem debates entre os ministros — e deve seguir até as 20h, prazo final para registro dos votos. Até agora, apenas Alexandre de Moraes e Flávio Dino já se posicionaram. Ainda faltam as manifestações de Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.
Com a saída de Luiz Fux, único que destoava do restante do grupo, cresce a expectativa de que o STF decida de forma unânime por manter Jair Bolsonaro atrás das grades, reforçando o clima de alinhamento dentro da Corte.
Os votos dos ministros
O primeiro a votar, Moraes, voltou a defender a prisão, alegando que Bolsonaro seria “reiterante” no descumprimento de medidas cautelares e que teria violado de forma “dolosa e conscientemente” a tornozeleira eletrônica.
Segundo o ministro, o próprio ex-presidente admitiu ter mexido no equipamento, o que configuraria um “cometimento de falta grave, ostensivo descumprimento da medida cautelar e patente desrespeito à Justiça”.
Flávio Dino, em seu voto, repetiu a narrativa da violação da tornozeleira e ainda destacou a convocação da vigília feita pelo filho do ex-presidente. Ele afirmou que as recentes fugas de aliados — como Carla Zambelli, Alexandre Ramagem e Eduardo Bolsonaro — mostrariam “profunda deslealdade com as instituições pátrias”.
Sobre a vigília, Dino alegou que apoiadores do ex-presidente agiriam de forma “descontrolada”, o que poderia resultar em confrontos, danos a propriedades e até episódios semelhantes aos do 8 de janeiro, com bombas ou armas. Segundo ele, até a casa de Bolsonaro poderia ser invadida, colocando em risco moradores e policiais.
“Se os propósitos fossem apenas religiosos, a análise poderia ser diversa, mas lamentavelmente a realidade tem demonstrado outra configuração, com retóricas de guerra, ódios, cenas de confrontos físicos etc”, afirmou Dino.
Entenda o caso
A prisão preventiva de Bolsonaro foi decretada por Moraes na madrugada de sábado (22). Para o ministro, a violação da tornozeleira eletrônica, somada à vigília incentivada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), indicaria preparação para fuga.
A defesa do ex-presidente afirma que a situação teria sido fruto de uma “confusão mental”, supostamente causada pela interação inadequada de medicamentos para soluços.
Na audiência de custódia, Bolsonaro disse acreditar que havia uma “escuta” dentro da tornozeleira e que tentou apenas abrir a tampa do dispositivo, sem intenção de removê-lo. Os advogados argumentam que o vídeo enviado pela Seape comprova a fala lenta e desorientada do ex-presidente, demonstrando um comportamento “ilógico”, incompatível com tentativa de fuga.
A defesa ainda sustenta que, mesmo que o equipamento parasse de funcionar, Bolsonaro não teria como deixar sua residência, localizada em condomínio fechado e monitorada constantemente por policiais federais.
Desde sábado, Jair Bolsonaro está detido em uma cela especial na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília — episódio que segue alimentando debates sobre abuso de autoridade, politização da Justiça e perseguição a adversários do sistema.
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