Carla Zambelli vence batalha na Câmara
A parlamentar deixou o Brasil em maio, antes da decisão final do STF, e foi para a Itália, onde possui cidadania.
O deputado Diego Garcia (Republicanos-PR), relator do processo contra a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), reafirmou nesta terça-feira (2/12) que apresentou um parecer contrário à cassação da parlamentar. Segundo ele, não existe comprovação de que Zambelli teria ordenado o ataque ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) — ação pela qual o Supremo Tribunal Federal (STF) a condenou a 10 anos de prisão e à perda do mandato.
A palavra final sobre a cassação ainda será da Câmara dos Deputados.
Garcia foi direto ao ponto: “Diante de todos esses elementos, o meu voto é pela preservação do mandato de Carla Zambelli. Não há certeza de que a deputada ordenou os ataques [ao sistema do CNJ]”.
O parlamentar afirmou que tomou sua decisão baseado nos autos do processo, mas destacou um detalhe gravíssimo: o acesso ao conteúdo integral foi negado pelo ministro Alexandre de Moraes, relator no STF. Garcia relatou que pediu os documentos mais de uma vez, mas não teve autorização.
Ele também criticou a forma como a condenação foi construída no caso envolvendo o hacker. Segundo Garcia, o veredito “se deu exclusivamente baseado no depoimento de Walter Delgatti”, que mudou sua versão dos fatos diversas vezes ao longo das investigações.
O deputado ainda relatou dificuldade para falar com Zambelli, que está na Itália, e apontou sinais claros de “perseguição política”, afirmando inclusive que Alexandre de Moraes atuou como “vítima” e “julgador” no caso — um cenário que levanta questionamentos sobre imparcialidade e devido processo legal.
A parlamentar deixou o Brasil em maio, antes da decisão final do STF, e foi para a Itália, onde possui cidadania. Acabou presa no país europeu e permanece detida enquanto aguarda o processo de extradição.
Em 24 de setembro, Zambelli falou à CCJ por videoconferência. Durante o depoimento, denunciou as condições de saúde que vem enfrentando na prisão italiana e descreveu um estado debilitado após a detenção.
“Se você me ver aqui, eu estou parecendo uma velha. Eu ando devagar, não consigo me levantar tão fácil. Eu tenho muita dor de cabeça, minha fibromialgia está muito alta. E também acho que um pouco por causa da decepção toda, dessa coisa da perseguição”, afirmou.
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