Evento no SBT expõe aliança entre Lula, Moraes e elite do poder
O evento reuniu a elite do atual sistema de poder e foi marcado por cenas simbólicas: Alexandre de Moraes agradecendo publicamente a Lula e o petista se gabando de ter convencido Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos, a retirar o ministro da lista de sanções da Lei Magnitsky — ainda que essa versão não corresponda aos fatos.
O lançamento do novo canal de notícias do SBT escancarou a proximidade entre mídia, Judiciário e governo. O evento reuniu a elite do atual sistema de poder e foi marcado por cenas simbólicas: Alexandre de Moraes agradecendo publicamente a Lula e o petista se gabando de ter convencido Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos, a retirar o ministro da lista de sanções da Lei Magnitsky — ainda que essa versão não corresponda aos fatos.
A grande surpresa da noite foi Tarcísio de Freitas. O governador de São Paulo trocou sorrisos, afagos e conversas descontraídas com Lula e Moraes, além de reforçar o discurso de que vivemos uma suposta “polarização afetiva” e que chegou a “hora de virar a chave”. Não se tratou de um discurso formal, mas de um recado claro. Tudo indica que Tarcísio já virou a chave em relação a Jair Bolsonaro e ao bolsonarismo, posicionando-se como possível herdeiro político de Lula.
O encontro foi muito além do lançamento de um canal de notícias. Funcionou como um verdadeiro ensaio geral de transição de poder — uma espécie de ‘teste social’ para avaliar a aceitação pública do governador paulista.
CANDIDATO COM SELO
Quando Flávio Bolsonaro anunciou sua candidatura, o Centrão político-jurídico entrou em estado de alerta. O impasse se aprofundou nos dias seguintes, especialmente após o senador aparecer nas pesquisas disputando espaço com o atual presidente. O crescimento de Flávio reacendeu o bolsonarismo, um cenário que representa um verdadeiro pesadelo para Moraes e seu entorno.
Tarcísio demorou a se posicionar, mas acabou declarando apoio a Flávio, mesmo contrariando os desejos de Gilberto Kassab (PSD) e Marcos Pereira (Republicanos). Ambos passaram a semana articulando nos bastidores para convencer Ciro Nogueira (Progressistas) e Antonio Rueda (União Brasil) a deixarem Flávio politicamente isolado.
O fator decisivo foi a postura de Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos, em relação ao bolsonarismo. Apesar do vídeo divulgado pelo “01” tentando extrair algo positivo da decisão recente, o fato é que a retirada da aplicação da Lei Magnitsky sobre Moraes acabou sendo interpretada como um aval indireto à condenação de Bolsonaro, esvaziando sua força política e fragilizando sua candidatura em 2026.
Kassab e Pereira perceberam isso rapidamente e agiram para convencer Tarcísio a fazer gestos públicos de aproximação com Lula e Moraes. O próximo movimento, segundo essa lógica, seria convencer Rueda e Ciro de que Flávio saiu enfraquecido e que, isolado, acabaria desistindo da corrida presidencial — abrindo caminho para que Lula também abandone a ideia, considerada por muitos absurda, de um quarto mandato.
Essa leitura, no entanto, ignora um fator essencial: a vontade popular. Parte do pressuposto de que o eleitor aceitará votar em quem o sistema decidir colocar na urna. Mas a pergunta que permanece é simples e incômoda: será mesmo?
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