Departamento de Estado mira ONGs e ativistas que atacaram a liberdade de expressão
No comunicado assinado por Rubio, os sancionados são descritos como “ativistas radicais e ONGs instrumentalizadas” que atuaram em cooperação com “Estados estrangeiros” para restringir a liberdade de expressão de cidadãos e empresas americanas. Os nomes não aparecem no texto oficial, mas foram revelados por Rogers em publicações nas redes sociais.
O Departamento de Estado dos Estados Unidos anunciou nesta semana sanções contra cinco estrangeiros acusados de liderar esforços coordenados para pressionar plataformas americanas a censurar, desmonetizar e suprimir vozes dissidentes. A medida foi comunicada oficialmente pelo secretário de Estado Marco Rubio, com detalhamento posterior feito pela subsecretária Sarah B. Rogers.
No comunicado assinado por Rubio, os sancionados são descritos como “ativistas radicais e ONGs instrumentalizadas” que atuaram em cooperação com “Estados estrangeiros” para restringir a liberdade de expressão de cidadãos e empresas americanas. Os nomes não aparecem no texto oficial, mas foram revelados por Rogers em publicações nas redes sociais.
“Nossos alvos são estrangeiros, mas vocês notarão que alguns colaboraram com burocratas dos EUA na supressão de falas”, afirmou a subsecretária.
Para caracterizar esse esquema, Rubio utilizou o termo “complexo industrial da censura”, expressão popularizada nas reportagens conhecidas como Twitter Files, que expuseram a colaboração entre governos, big techs e ONGs para silenciar opiniões conservadoras.
As sanções impostas consistem em restrições de visto, sem bloqueio financeiro. “Não estamos acionando medidas financeiras no estilo Magnitsky”, explicou Rogers. “Nossa mensagem é clara: se você dedica sua carreira a fomentar a censura da expressão americana, você não é bem-vindo em solo americano”.
Burocrata europeu que ameaçou Elon Musk entra na lista
O primeiro nome revelado é o do empresário e ex-ministro francês Thierry Breton. Quando ocupava o cargo de comissário europeu para o Mercado Interno, Breton ameaçou o empresário Elon Musk e a rede social X com punições baseadas na Lei de Serviços Digitais da União Europeia (DSA).
Em agosto de 2024, Breton criticou Musk por questionar políticas de censura do bloco europeu e por entrevistar o então candidato republicano Donald Trump na plataforma.
“Não hesitaremos em fazer uso pleno dos nossos instrumentos”, escreveu Breton em carta oficial, citando processos contra o X por suposta “desinformação”.
No mês seguinte, a Comissão Europeia se distanciou das declarações e Breton acabou renunciando ao cargo. Mesmo assim, em dezembro de 2025, o X foi multado em 120 milhões de euros — não por discurso de ódio, mas por questões administrativas como uso da “marca azul” e transparência publicitária.
Para Rogers, Breton é “um mentor da Lei de Serviços Digitais” e sua ameaça direta contra Musk foi determinante para a sanção.
ONGs e ativistas alinhados à censura
Outro sancionado é o britânico Imran Ahmed, fundador do Centro de Combate ao Ódio Digital (CCDH). Reportagens revelaram que a ONG tinha como objetivo explícito “matar o Twitter de Elon Musk” e articular legislação de censura na Europa.
A organização manteve ligação direta com o Partido Trabalhista britânico e atuou, às vésperas das eleições americanas de 2024, pressionando plataformas como o YouTube a remover conteúdos classificados como “teorias da conspiração”.
Segundo Rogers, Ahmed foi um “colaborador chave no esforço do governo Biden de instrumentalizar o governo contra cidadãos americanos”, incluindo campanhas de censura contra críticos das vacinas — entre eles o atual secretário de Saúde Robert Kennedy Jr..
Também foi sancionada Clare Melford, presidente do Índice Global da Desinformação, organização que mantém listas negras de veículos e sites para excluir financeiramente quem foge da narrativa progressista. Segundo o Departamento de Estado, a ONG utilizou recursos do governo Biden para “estimular a censura da imprensa americana”.
As últimas sancionadas são Anna-Lena von Hodenberg e Josephine Ballon, líderes da ONG alemã HateAid, criada após as eleições de 2017 com foco declarado em combater grupos conservadores.
Comparação com Alexandre de Moraes
As restrições de visto foram anunciadas no mesmo mês em que o governo Trump revogou sanções Magnitsky contra Alexandre de Moraes. Assim como os ativistas agora punidos, Moraes tentou censurar cidadãos americanos em plataformas como X e Rumble.
A diferença, segundo autoridades americanas, é que Moraes chegou a ordenar a prisão de uma cidadã brasileira com dupla nacionalidade, Flávia Magalhães, por supostos crimes de opinião — algo sem precedentes entre os demais sancionados.
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