Correios vão demitir 15 mil e fechar mil unidades em reestruturação
A proposta é uma tentativa de conter o avanço do rombo financeiro e tornar a empresa minimamente sustentável.
O presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, apresentou um amplo plano de reestruturação da estatal que prevê demissão voluntária de até 15 mil funcionários, fechamento de cerca de mil agências e venda de imóveis. A proposta é uma tentativa de conter o avanço do rombo financeiro e tornar a empresa minimamente sustentável.
De acordo com Rondon, as medidas de corte devem gerar economia estimada em R$ 5,7 bilhões, enquanto novas parcerias na área de logística e a diversificação de serviços podem acrescentar R$ 1,7 bilhão em receitas. No médio e longo prazo, a direção da estatal também avalia — com apoio de consultoria externa — a possibilidade de migração do capital 100% público para um modelo misto, abrindo espaço para maior eficiência e racionalidade administrativa.
Durante coletiva, o presidente dos Correios reconheceu o peso excessivo da máquina pública sobre a estatal:
“O custo com a folha de pagamento representa 62% do orçamento e pode chegar a 72% com os precatórios. É um peso que limita a capacidade de reação da empresa”
Segundo ele, o plano inclui metas de produtividade e a aplicação dos R$ 12 bilhões liberados pelo Tesouro Nacional para tentar reverter a situação crítica.
A condução do processo ficará a cargo da presidência dos Correios, com supervisão do Conselho de Administração, da CGPAR e do Ministério das Comunicações. O programa, batizado de “Plano de Reestruturação para a Sustentabilidade e Soberania Logística dos Correios”, terá vigência entre 2025 e 2027, embora algumas medidas — como o PDV — só entrem em vigor a partir de 2027.
Três fases do plano
Fase 1 (até março de 2026)
Recuperação emergencial de caixa, com captação de R$ 12 bilhões e quitação ou renegociação de dívidas em atraso.
Fase 2 (2026–2027)
Reorganização administrativa e modernização financeira, com economia anual estimada em R$ 7,4 bilhões.
Fase 3 (a partir de 2027)
Avaliação de novos arranjos societários e definição do futuro estrutural da estatal.
Quatro programas estratégicos
Gastos com funcionários: PDV para 15 mil empregados (18% do quadro), revisão de cargos e benefícios — economia anual de R$ 2,1 bilhões;
Rede de operações: fechamento de 1.000 unidades e otimização logística, sem impacto na universalização do serviço — economia anual de R$ 2,1 bilhões;
Parcerias de mercado: ampliação de serviços financeiros e de seguros — receita estimada de R$ 1,7 bilhão por ano;
Gestão de ativos: venda de imóveis ociosos — expectativa de R$ 1,5 bilhão por ano em receitas.
O plano escancara o tamanho do problema acumulado ao longo dos anos e reforça o debate sobre ineficiência estatal, excesso de gastos com pessoal e a necessidade urgente de reformas profundas em empresas públicas.
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