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Espanha declara estado de emergência após apagão em todo o país

O apagão ocorre em um momento de alerta na Europa, semanas após a Comissão Europeia recomendar que os cidadãos preparassem “kits de sobrevivência” para 72 horas, incluindo alimentos, água e lanternas, em preparação para desastres naturais, ciberataques ou conflitos.

Espanha declara estado de emergência após apagão em todo o país
Espanha declara estado de emergência após apagão em todo o país (Foto: Reprodução)

Na manhã desta segunda-feira, 28 de abril de 2025, a Espanha foi surpreendida por um apagão massivo que deixou grande parte do país sem energia elétrica, afetando milhões de pessoas e paralisando serviços essenciais. O blecaute, que começou por volta das 12h (horário local, 7h em Brasília), também impactou Portugal e partes de outros países europeus, como França, Alemanha e Andorra. Diante do caos gerado, o Ministério do Interior espanhol declarou estado de emergência nacional, com aplicação imediata em regiões como Madri, Andaluzia e Extremadura, que solicitaram apoio do governo central para manter a ordem pública e gerenciar a crise.

Impactos do Apagão

O corte de energia provocou transtornos generalizados em infraestruturas críticas. Em Madri, o metrô foi paralisado, deixando passageiros presos em vagões e exigindo evacuações emergenciais. A operadora ferroviária Renfe suspendeu todos os serviços de trens, enquanto os aeroportos de Barajas (Madri) e El Prat (Barcelona) enfrentaram atrasos significativos, operando com geradores de emergência. Semáforos inoperantes causaram engarrafamentos caóticos, especialmente na capital, onde o prefeito José Luis Martínez-Almeida pediu que a população evitasse deslocamentos desnecessários.

Hospitais, como o Doce de Octubre em Madri, foram forçados a suspender consultas e cirurgias não urgentes, operando com geradores. O torneio de tênis Madrid Open também foi interrompido, com jogadores e torcedores afetados pela falta de luz. Além disso, telecomunicações sofreram impactos, com falhas em linhas telefônicas e lentidão em serviços como WhatsApp, dificultando a comunicação em todo o país.

O pânico levou a uma corrida aos supermercados, com prateleiras esvaziadas em Madri e Lisboa, enquanto moradores estocavam água, alimentos e itens de emergência, como lanternas e baterias. Em Portugal, a fornecedora de água Epal alertou para possíveis interrupções no abastecimento, intensificando a preocupação da população.

Resposta do Governo e Medidas de Emergência

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, convocou uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança Nacional e visitou a sede da Red Eléctrica, operadora da rede elétrica espanhola, para acompanhar os esforços de restauração. Em pronunciamento, Sánchez pediu calma à população, recomendando o uso mínimo de celulares, contato com serviços de emergência apenas em casos graves e confiança em informações oficiais. Ele também afirmou que “nenhuma hipótese está descartada” sobre as causas do apagão, mas destacou que a prioridade é restabelecer a energia.

Por volta das 21h (16h em Brasília), a Red Eléctrica informou que cerca de 20% da capacidade energética do país havia sido restaurada, com progresso em regiões como Catalunha, Aragão, Galiza e Andaluzia. No entanto, a empresa estimou que a normalização total poderia levar de 6 a 10 horas, com algumas áreas permanecendo sem luz durante a noite.

Para garantir a segurança, 20.000 policiais extras foram mobilizados nas ruas espanholas, especialmente em áreas urbanas, onde o risco de saques e desordem aumentou com o prolongamento do blecaute. Em Portugal, a polícia também reforçou o patrulhamento noturno em regiões sem energia.

Causas do Apagão: Investigação em Andamento

As causas do apagão ainda não foram confirmadas, gerando especulações e preocupação. Inicialmente, a operadora portuguesa REN atribuiu o problema a um “fenômeno atmosférico raro” causado por variações extremas de temperatura no interior da Espanha, que teriam gerado oscilações em linhas de alta tensão. No entanto, a REN desmentiu essa afirmação posteriormente, e a Red Eléctrica apontou uma desconexão da rede elétrica europeia, possivelmente iniciada na Espanha, como o gatilho do colapso.

A possibilidade de um ciberataque foi levantada por autoridades portuguesas e espanholas, mas o Centro Nacional de Cibersegurança de Portugal e o Instituto Nacional de Cibersegurança da Espanha (Incibe) afirmaram que, até o momento, não há evidências de sabotagem. Uma notícia falsa circulou nas redes sociais alegando um suposto ataque russo, mas foi desmentida por fontes oficiais. A Comissão Europeia está em contato com os governos de Espanha e Portugal para esclarecer as causas e avaliar o impacto do blecaute, que também afetou brevemente países como Polônia, Finlândia e Suécia.

Contexto e Preocupações

O apagão ocorre em um momento de alerta na Europa, semanas após a Comissão Europeia recomendar que os cidadãos preparassem “kits de sobrevivência” para 72 horas, incluindo alimentos, água e lanternas, em preparação para desastres naturais, ciberataques ou conflitos. Muitos moradores, como o brasileiro Marcelo Casarini, que vive em Portugal, lamentaram não terem seguido a recomendação, enfrentando dificuldades para acessar alimentos e dinheiro em espécie, já que a maioria das lojas não aceitava cartões.

Este é o segundo grande apagão na Europa em menos de dois meses, após um incidente em março que fechou o Aeroporto de Heathrow, no Reino Unido. A frequência desses eventos levanta preocupações sobre a vulnerabilidade da rede elétrica europeia, especialmente em um contexto de tensões geopolíticas e mudanças climáticas.

Perspectivas

Enquanto a Espanha e Portugal trabalham para restabelecer a energia, a população enfrenta uma noite incerta, com muitas áreas ainda no escuro. A normalização completa pode levar dias, segundo algumas estimativas, e os governos prometem investigações rigorosas para evitar novos colapsos. O episódio expõe a fragilidade da interconexão elétrica europeia e reacende debates sobre segurança energética e soberania nacional no setor.

A crise energética de 28 de abril de 2025 marcada como um dos maiores desafios recentes da Península Ibérica, testando a resiliência de governos, empresas e cidadãos diante de uma emergência sem precedentes.

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