Portugal anuncia expulsão em massa de imigrantes ilegais
O anúncio das expulsões acontece justamente neste período sensível, o que levantou suspeitas de que a decisão possa ter motivações eleitorais.

Portugal tem sido, nos últimos anos, um destino popular para milhares de estrangeiros em busca de melhores condições de vida, especialmente após a flexibilização da lei de imigração em Portugal. O país oferece vantagens como clima ameno, segurança e acesso ao mercado europeu, o que atraiu imigrantes da Ásia, África e América Latina. No entanto, a crescente demanda por regularização sobrecarregou os serviços de migração e expôs falhas na gestão pública, especialmente na recém-criada Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA).
Estima-se que cerca de 400 mil processos estejam pendentes de análise. Muitos estrangeiros vivem e trabalham em território português sem documentação válida, contribuindo com mão de obra essencial em setores como construção civil, turismo, agricultura e serviços domésticos. Apesar disso, esses trabalhadores enfrentam insegurança jurídica e vulnerabilidade social.
Com a aproximação das eleições em Portugal, o tema da imigração ilegal passou a ocupar espaço central no debate político, impulsionado pela ascensão de partidos populistas como o Chega. A política de imigração portuguesa, antes elogiada por sua abordagem humanitária, agora está sendo revista sob pressão popular e institucional, alimentando um cenário de incertezas tanto para os imigrantes quanto para os cidadãos portugueses.
Decisão de Expulsão em Massa
No sábado, o Governo anunciou a expulsão de imigrantes ilegais. Serão emitidas notificações para cerca de 18.000 estrangeiros em situação irregular, com ordens de saída voluntária no prazo de 20 dias. O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, afirmou que a medida visa aplicar a legislação vigente e corrigir falhas do sistema de deportação, que, segundo ele, “não funciona”.
A ação será executada pela AIMA, que já recebeu ordens para começar os processos com os primeiros 4.500 imigrantes. A maioria é composta por cidadãos que, por restrições em outros países do Espaço Schengen, não conseguem obter autorização de residência em Portugal. As expulsões, segundo o governo, seguirão critérios legais e priorizarão o retorno voluntário.
Razões por trás da Decisão de Expulsão
A medida ocorre em meio a uma grave crise política. O governo minoritário liderado por Luís Montenegro perdeu um voto de confiança no Parlamento, levando à convocação de eleições antecipadas para 18 de maio. O anúncio das expulsões acontece justamente neste período sensível, o que levantou suspeitas de que a decisão possa ter motivações eleitorais.
Montenegro e seus aliados tentam demonstrar firmeza diante da crescente pressão popular e do avanço da direita populista. O ministro Leitão Amaro justificou a ação dizendo que “Portugal é um dos países que menos deporta pessoas que violam as regras de imigração”, incluindo por razões de segurança. Ele defende uma revisão da política de imigração para garantir mais controle sobre quem permanece no território nacional.
Impacto nas Comunidades Locais
A decisão deve gerar fortes impactos nas comunidades imigrantes. Muitos estrangeiros, mesmo em situação irregular, estão integrados socialmente e trabalham em atividades essenciais. A ameaça de expulsão pode provocar medo, afastamento dos serviços públicos e aumento da informalidade no trabalho.
ONGs e movimentos sociais alertam que a expulsão em massa pode desestruturar famílias, afastar crianças das escolas e gerar uma crise humanitária silenciosa. Cidades como Lisboa, Porto e Setúbal concentram grande número de imigrantes e já enfrentam desafios relacionados à habitação e acesso à saúde. A pressão sobre os governos locais tende a aumentar com o esvaziamento forçado de parte dessas comunidades.
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