Portugal pretende expulsar 18 mil imigrantes ilegais e Governo Lula tenta intervir

Em reação, o governo brasileiro, por meio de sua embaixada em Lisboa, busca obter esclarecimentos e garantir a proteção dos cidadãos brasileiros residentes em Portugal. Após o anúncio da possível expulsão em massa, a Embaixada do Brasil em Portugal iniciou conversações com o governo português.

A recente decisão do governo de Portugal de deportar até 18 mil imigrantes em situação irregular gerou ampla repercussão global. A medida, anunciada no sábado (3), ocorre em um contexto politicamente delicado, com as eleições legislativas portuguesas previstas para o dia 18 deste mês. Em reação, o governo brasileiro, por meio de sua embaixada em Lisboa, busca obter esclarecimentos e garantir a proteção dos cidadãos brasileiros residentes em Portugal. Após o anúncio da possível expulsão em massa, a Embaixada do Brasil em Portugal iniciou conversações com o governo português. O objetivo é compreender os critérios adotados para determinar quais estrangeiros devem deixar o país e assegurar que os direitos dos brasileiros sejam respeitados.

O embaixador do Brasil em Lisboa, Raimundo Carreiro Silva, afirmou que os brasileiros não estão entre os principais alvos da medida. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Carreiro explicou que a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) citou apenas "casos pontuais" envolvendo cidadãos brasileiros, mas sem fornecer detalhes sobre essas situações.

Diante da incerteza gerada pelo anúncio, Carreiro agendou uma reunião com o cônsul-geral do Brasil em Lisboa, Alexandre Candeas. O encontro, previsto para esta segunda-feira (5), tem como objetivo obter informações mais detalhadas junto às autoridades portuguesas e definir estratégias de apoio à comunidade brasileira.

“O contato com a AIMA foi preliminar. Eles informaram que há alguns brasileiros envolvidos, mas são situações específicas. Ainda não temos dados oficiais”, explicou Carreiro, ressaltando que a principal prioridade é assegurar segurança jurídica e tranquilidade para a comunidade brasileira residente em Portugal. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil (Itamaraty) emitiu uma nota oficial reafirmando que acompanha de perto os desdobramentos da decisão portuguesa. De acordo com o comunicado, a embaixada em Lisboa e os consulados brasileiros estão atentos a qualquer impacto que a medida possa ter sobre os brasileiros que residem legalmente ou que estão em processo de regularização em Portugal.

O Itamaraty também destacou que o governo brasileiro defende uma abordagem equilibrada e respeitosa dos direitos humanos, reafirmando seu compromisso com o bem-estar dos brasileiros no exterior. De acordo com o ministro da Presidência de Portugal, António Leitão Amaro, a partir desta semana, cerca de 4.500 imigrantes começarão a receber notificações oficiais para deixarem o país voluntariamente. O prazo para saída será de até 20 dias após o recebimento da notificação. No total, o governo prevê enviar até 18 mil notificações.

Amaro explicou que essa ação faz parte de uma revisão mais ampla da política migratória do país. O governo português, atualmente liderado pela coalizão de centro-direita Aliança Democrática, tem intensificado seu discurso sobre o controle das fronteiras e imigração — temas centrais na atual campanha eleitoral.